domingo, 9 de setembro de 2012

do outro lado do dia


Sento-me do outro lado do dia. Só para poder olhar a noite chegando. 
O sol beijando as águas salgadas nesse horizonte que é teu. Mas também o meu.
Que mania esta de tomar posse de tudo o que se vê e não vê...
De tudo o que a alma alcança!
Que mania esta de querer ser adivinha e pôr no universo as palavras que podem ser as certas para que este se deixe encantar e aja de acordo com o que o meu coração, a minha intuição, a minha curiosidade e a minha paixão, tudo junto se misture e possa resultar uma estória  ímpar. Um romance singular. Daqueles que ficam escritos nos céus. 
Neste momento de contemplação, da entrega do astro rei ao mar, algo, que vem das profundezas do oceano,  da eternidade que adivinho nos astros que me brindam e me pôem em êxtase nem que seja num segundo, qualquer coisa me diz, e eu que sou tudo menos desatenta aos sinais, mesmo às reticências, pontos de exclamação ou parágrafos sem ponto final, que esse só se deve pôr quando já nada há mais a esperar de nós, de mim, de ti, do sol, do mar e da vida, leio  nas entrelinhas, das estrelas e dos planetas, do azul e do vermelho do céu, tenho a certeza, que é que queres? as minhas certezas andam entre o sonho que me faz avançar e a vontade de alcançar o sonho, porque eu sou uma sonhadora, uma tola romântica e crédula, porque sei ler mesmo quando soletro ou gaguejo, e ia apostar, mas para ganhar, que um dia, escreve, porque tu sabes escrever, quando menos se esperar, vou estar sentada do outro lado do dia, contigo ao lado, assistindo ao acto maior da natureza.
O universo rendendo-se. Amando para além de si, para além do mundo, do infinito e de todas as eternidades,
  num enlace eterno e repetido a cada dia, não importa o dia, não importa o lugar.
Tenho a certeza, vou assistir ao sonho se tornar realidade do amor vencer em todas as frentes, da paixão se perder e se encontrar e se recriar. 
Sento-me do outro lado do dia. Só para te esperar sentada.
Nem sempre os propósitos são pássaros que andam nos mares e apenas vêm a terra uma vez no ano.
Nem sempre o sul mora longe. 

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