sábado, 15 de setembro de 2012

esta cidade...


Esta cidade tem coisas do arco da velha. Ou talvez não. Esta cidade será como outras pequenas cidades de interior embora esteja a 100 quilómetros de Coimbra e de Lisboa e a 70 do mar, no sopé da serra de Aire e Candeeiros, ao dobrar da esquina de Santarém, Fátima, Tomar, Abrantes, Vila Nova da Barquinha, Constância, Tancos, Barragem de Castelo de Bode, paredes meias com o Entroncamento e a Golegã, com a Azinhaga, a terra de Saramago, com as terras dos toiros e dos campinos, com as quintas dos senhores de outrora, com as grutas das lapas, a um quilómetro de mim, ou as de  Santo António, Mira d’Aire e Alvados, a um instantinho da sopa da pedra de Almeirim, da fataça, das enguias em Boquilobo, aldeia do concelho e terra de Humberto Delgado  e até a uma unha negra de Riachos, terra do músico Luís Santos, que amandou um ovo à ministra da agricultura ( toma que é democrático ); também  é a terra de Carlos Cruz. Ah não sabiam? A criatura é duma aldeia de torres novas de nome Parceiros de S. João, apesar de ter ido fedelho para Angola. Esta terra é também a terra do Torres, esse monstro sagrado da bola, infelizmente falecido, e também a terra onde Pedro Barroso vive ( Riachos ) e onde compõe a sua música e as suas letras há mais de 40 anos. Por fim, pois que não me lembro de mais, a terra de Vale e Azevedo. Han? Terra fértil esta!
Sem esquecer que é a terra onde vivo desde os 20 anos, onde os meus irmãos vivem, os meus pais estão enterrados e onde os meus filhos nasceram, onde me casei, onde me perdi e encontrei e permaneço. Até ver…
Tudo isto faz dela uma terra um pouco diferente. Não digo melhor, mas diferente.
Hoje, apeteceu-me falar de Torres Novas e da região. O Ribatejo, pródigo e afável.
Apesar de muitas vezes desdenhar, eu curto Torres Novas e a região. Se bem que muitas vezes ache que o melhor que tem, são os acessos ao exterior; autoestrada, comboios e expressos.
Sou só eu a achar, com a propriedade de quem nada tem mas olha para tudo à volta, com a indiferença de quem trata o que sabe que é certo e está cá, ou lhe pertence.
Afinal, são 37 anos a ver correr o rio Almonda para o Tejo. A ver o castelo imóvel e secular. A percorrer os caminhos empedrados e a atravessar pontes que nem sempre me levam
aos caminhos que quero para mim. A ver os campos repletos de figueiras e oliveiras. A ver desaparecer pessoas que conheço. A envelhecer…

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