sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

como é mesmo o nome dele?

Acordei cedíssimo. Não de insónia. Porque me deitei cedo. E o organismo (?) habituou-se a 6 horas de sono, mais coisa menos coisa. Não tenho paciência para fazer ronha na cama.
A minha relação com a dona pitanga de madrugada não é das melhores. Ela espia os meus movimentos e numa posse escandalosa, apodera-se da minha manhã como se fosse a estrela da companhia. Habituei-a mal. De pequenino é que se torce o pepino, mas ela é mais um osso duro de roer que não se deixa torcer. Como tudo o que me rodeia, aliás. Não sei que voltas dou mas bato sempre a portas difíceis. Eu sou difícil. Serei? Dizem que sim. Que melhorei com a vida. Não sei se foi bom. Não vejo benefícios nenhuns nisso.
Como estava dizendo, dona pitanga assim que me apanha de olhos abertos é o que se queira. E quer azucrinar-me o juízo pondo-me a mais de mil. É rapar com a patinha para se meter debaixo da roupa da cama, é querer sair de lá porque deve abafar, é fazer salto ao eixo sendo que o eixo sou eu. É enrolar-se mesmo ao pé da minha cara com o focinho apoiado no meu braço esquerdo que está já em posição de prevenção, não vá o diabo tecê-las e arranhar-me a cara, os olhos, eu sei lá. Prevenir vale mais que remediar. Como não sou pessoa de dormir neste desassossego, uma vez acordada, para sempre acordada.
E depois é uma roda-viva até às 8 horas, sim porque posso acordar a meio da noite e não mais dormir, ou então às sete e meia que vai dar no mesmo. Gira gira e às oito é que estou a sair. Que nem um foguete. Hoje não foi diferente.
Na garagem procurei o autocarro. O nevoeiro impedia-me de ver quem estava dentro. Os vidros embaciados e um motorista de cabelos todos brancos fez-me duvidar. Mas sim. O patrão da lancha, que não é senão o encarregado da garagem, que anda sempre inchado que nem um perú furioso, viu-me atarantada e perguntou: Diga lá senhora, procura que camioneta?
- A do sr. margarido.
- É esta.
Olhei e vi as catatuas no primeiro banco. Estava na minha camioneta. O sr. margarido é que não. Nas férias faz outro percurso. Não sei se os miúdos estão de férias pois que o autocarro ia cheio deles. Até a Andreia do chapéu de chuva e o irmão lá iam. Sentados no meu lugar. Fiquei rodeada pelos putos reguilas dos fosca-ses. Não ouvi uma única vez um palavrão. Iam entretidos com histórias dum puto da escola. Contando uns aos outros as avarias desse puto. E rindo das habilidades do dito. A páginas tantas um disse:
- Meu. Mas ele é um triste.
-Yá. Nunca ri.
- Mas canta.
- Um dia destes o meu primo disse-me que andava lá no conservatório um puto autista, que era da minha escola. Vi logo que era ele.
- No conservatório meu?
- Yá.
O autocarro parou em frente à escola. Foram saindo.
- Como é mesmo o nome dele?
- Rafael.
Sairam.
Mudei-me para o meu lugar. Fiquei a pensar na conversa dos putos.
O Rafael não é um triste, não. Fê-los rir à gargalhada com as histórias que se fazem à volta dele. Das quais é protagonista diariamente. É um puto diferente. Com comportamentos divertidos e sem filtros.
Num instante estava a entrar em Alcanena. O nevoeiro intenso impediu-me de ver a paisagem. O trânsito pela estrada secundária foi muito maior. Quem vai de Torres Novas para Alcanena foge ao pagamento na A23. Enfrentei mais um dia de trabalho. Numa repartição a meio gás. Muita gente de férias.
Um dia sem história. Não fosse uma senhora de nome Clara lá ir e no mesmo lugar estarmos assim três mulheres de nome Clara. Ela, eu e uma colega minha. Curioso foi que a utente disse ter uma filha que nasceu a 10 de Novembro. Giro isto. As tais coincidências da vida...
O fim de semana está aí e eu estou aqui para ficar. No Ribatejo.

1 comentário:

nuno medon disse...

todos os dias, uma viagem bem diferente :) . beijos