Foi há muito tempo. No século passado. Tinha cinco anos.
Fazia parte da sociedade branca de Luanda. Filha de portugueses. Que se conheceram, casaram e viveram em Luanda muitos anos.
Que queriam ali viver para sempre.
Não assisti a nada, à época, porque fui protegida pelos pais. Mas, lembro-me do medo que se instalou.
Em minha casa falava-se em voz baixa. Sobre os acontecimentos.
E ao longo do meu crescimento, fui percebendo que Angola teria de ser entregue aos angolanos, cumprindo-se a História. E eu e a minha família, éramos elementos integrantes dessa História. Porque amávamos aquela terra e queriamos nela permanecer até à morte.
Nunca ouvi o medo dizer adeus a Angola. Ou em nome dele, a mãe (minha ) e os filhos (eu e os meus irmãos ) viajarem uns tempos para a Metrópole de então. A ver o que aquilo daria...
" Aquilo " deu-se. E porque se deu, catorze anos depois, em 1975, a colónia tornou-se país independente.
A minha homenagem e respeito a todos os que lutaram e tombaram pela conquista de uma Angola independente.
Neste dia, 4 de Fevereiro, expresso o meu desejo maior.
Que a minha terra, que iniciou a sua luta armada, era eu uma menina de cinco anos, sem entendimento para perceber que nascera numa terra subjugada, se torne um país cada vez mais forte, bem sucedido e sem discrepâncias sociais e económicas que levem ao desentendimento entre os seus naturais.
Viva Angola! Vivam os angolanos!
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