sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

nas horas tardias

Gosto da lucidez das horas tardias. Quando a noite é mais noite e o mundo adormeceu. No sono dos justos. 
E uma minoria, a exepção, lucidamente desperta, obtem respostas, formula perguntas, decifra enigmas, erra alvos, volta atrás, 
repõe as possibilidades. Insiste. Embala sonhos como se fossem reais. 
Acredita mais nas suas razões, ilusões e tentativas. 
Por isso há quem diga e tem razão, que a noite é conselheira. 
Eu não só concordo como penso que é muito mais que isso. 
É chave que nos abre a porta da intuição e sensibilidade e nos faz raciocinar com mais nitidez e ao correr da pena. 
Gosto da lucidez das horas tardias. 
Enquanto o mundo dorme, sonha e sonambula entre a vigília e o profundo repouso, eu mantenho a chama acesa neste pleonasmo conveniente de ser repetitiva.
Sei de menos olhos vendo e menos ouvidos ouvindo. Menos corpos recusando.
Menos margem para erro. Mais compreensão. Mais certeza e paixão. Mais decisão.
Sei que tudo se torna claro. Exacto. E sei também que a noite é matemática. Contas de restos zero nas dúvidas e nas inseguranças. Provas reais...
Gosto da lucidez das horas tardias. Ela me diz que já é tarde demais para te esperar.
Junto-me ao comum dos mortais e vou dormir o sono dos lucidamente cansados e conformados. Dos realistas...

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