foto tukayana.blogspot
Saio no fim do viaduto. E não sigo pela parte de trás da cidade, sim porque as cidades têm avesso, fundos, porta de trás e até caminhos por onde nos obrigam a ir a que nós como josé régio tentamos dizer que não vamos por ali, se bem que a maior parte das vezes vamos às cegas por aqui, por ali e por acolá indiferentes à porta que se abre. Ou manipulados, mas isso são outros quinhentos.
Tenho uma certa pressa de chegar a casa mas é também dia de euro milhões e mesmo sabendo que nada me sai, continuo a jogar. Tens sorte porque ainda te vai saindo alguma coisita, dizem-me os conformados. Aqueles que gostam do copo meio vazio. Eu que prefiro o copo meio cheio, cheio ou a transbordar de prazer e alegria, insisto no jogo de sorte a ver se ela me bate à porta. Aqui que ninguém nos ouve, até acho que mereço, pela militância fiel.
Então, num siga a marinha que hoje preciso de chegar a casa às cinco e meia ou mesmo numa tolerância a que me dou, às seis menos um quarto, vou por aí fora, pela avenida, rio abaixo, bilhete postal da cidade do almonda com o seu castelo de gil pais sobranceiro e embandeirado, sintoma de começar já a espreitar a feira medieval que no mês de maio se fará presente.
Chegada ao quiosque da Fernanda, sou recebida como sempre. Com pompa e circunstância. Não porque sou especial, mas porque a Fernanda é que o é.
- Dona Clara, tá boazinha? E sem me deixar responder, com um sorriso de orelha a orelha, nuns lábios sempre pintados de laranja vivo, fora de moda, mas irrepreensível no seu rosto moreno e bonito, acrescenta - tá cada vez melhor esta senhora. Dou uma gargalhada. Sim, sim, me engana que eu gosto, Fernanda. E ela ri-se, claro. E os meninos estão bons? E eu respondo e percebo porque gosto de parar no quiosque. A Fernanda é discreta, educada e esperta. Como a mãe que deus tem. A velha dona Teresa que dizem era bruxa, alguns, outros dizem que era cartomante e conheço alguém que diz que foi a pessoa que mais lhe adivinhou o futuro. Dizem também que não pedia dinheiro por adivinhar o futuro. Davam o que queriam. Gosto de ir ao quiosque porque a Fernanda é aquela pessoa que a gente gosta de ter pelo caminho para nos levantar a moral, para nos carregar no colo.
Euro milhões nas mãos e ainda olhei para o lado para recolher algumas imagens de luz do rio Almonda. Depois voei para casa. Isto porquê? Não tive hoje um surto de larzite. Nada disso, se bem que nos últimos tempos estou muito mais caseira, não sabendo se é bom se é velhice.
O que me faz ir para casa a toque de caixa não é senão perceber se a minha avaria já é passado. O senhor técnico da PT hoje ligou-me para o telemóvel cheio de simpatia e cuidados, porque ah que tenho de ir a sua casa, ao exterior, evidentemente, e onde é que a senhora mora? Ah, sei onde é. Já que não pode estar em casa vou tocar à campainha de um vizinho seu porque preciso de ter acesso a uma caixinha que fica no interior do prédio. E não pode estar às 5.30? Pode? Óptimo.
E vai daí, prometi, ficou prometido e não posso falhar até porque o que está em causa é sagradíssimo para mim. O meu telefone fixo para falar com a tia Fernanda, com a Constância, não agora que ela está no outro lado do mundo e tem mais que fazer do que ligar-me, com a Milú, e com algumas mais, criaturas, de que me abstenho dizer nomes, não por mim, mas por elas, criaturas. A minha net ilimitada. Onde me perco e encontro a qualquer hora do dia ou da noite.
Entrei em casa enquanto desligava o telemóvel pois que teria que responder com algarismos a chamada feita. Por quem? Pela PT que me pergunta de zero a dez quanto dou ao atendimento do técnico que se dirigiu à minha casa.
Senhores, como nós estamos! Ainda não sei se a avaria está resolvida e já eles me estão a pressionar. Os tempos mudaram. Lembrar-me eu do que passei com estes senhores e com o Meo que me tinha sido instalado nos três serviços que eu quis muito ter e depois quis muito não ter.
Claro que apenas tive tempo de perceber que o meu rico telefone que há mais de três semanas se finara, havia ressuscitado quando o dito técnico estava a ligar-me. Olhei o router e uma coisa me ficou desse tempo. São quatro luzes. A segunda tem de estar fixa para que tudo esteja bem. Liguei o computador. Ele queria saber se estava tudo bem. Sosseguei-o. As luzes do router estavam como era preciso.
E aqui estou desde então. Tenho net, tenho telefone e tenho paciência. E quem espera sempre alcança. Se calhar por isso os serviços da PT melhoraram tanto que se fosse muito maldosa acharia que tanta mesura traz água no bico. Ou não...
De qualquer jeito o meu agradecimento ao técnico da PT e a esta pela prontidão com que resolveram o meu problema.
Tenho uma certa pressa de chegar a casa mas é também dia de euro milhões e mesmo sabendo que nada me sai, continuo a jogar. Tens sorte porque ainda te vai saindo alguma coisita, dizem-me os conformados. Aqueles que gostam do copo meio vazio. Eu que prefiro o copo meio cheio, cheio ou a transbordar de prazer e alegria, insisto no jogo de sorte a ver se ela me bate à porta. Aqui que ninguém nos ouve, até acho que mereço, pela militância fiel.
Então, num siga a marinha que hoje preciso de chegar a casa às cinco e meia ou mesmo numa tolerância a que me dou, às seis menos um quarto, vou por aí fora, pela avenida, rio abaixo, bilhete postal da cidade do almonda com o seu castelo de gil pais sobranceiro e embandeirado, sintoma de começar já a espreitar a feira medieval que no mês de maio se fará presente.
Chegada ao quiosque da Fernanda, sou recebida como sempre. Com pompa e circunstância. Não porque sou especial, mas porque a Fernanda é que o é.
- Dona Clara, tá boazinha? E sem me deixar responder, com um sorriso de orelha a orelha, nuns lábios sempre pintados de laranja vivo, fora de moda, mas irrepreensível no seu rosto moreno e bonito, acrescenta - tá cada vez melhor esta senhora. Dou uma gargalhada. Sim, sim, me engana que eu gosto, Fernanda. E ela ri-se, claro. E os meninos estão bons? E eu respondo e percebo porque gosto de parar no quiosque. A Fernanda é discreta, educada e esperta. Como a mãe que deus tem. A velha dona Teresa que dizem era bruxa, alguns, outros dizem que era cartomante e conheço alguém que diz que foi a pessoa que mais lhe adivinhou o futuro. Dizem também que não pedia dinheiro por adivinhar o futuro. Davam o que queriam. Gosto de ir ao quiosque porque a Fernanda é aquela pessoa que a gente gosta de ter pelo caminho para nos levantar a moral, para nos carregar no colo.
Euro milhões nas mãos e ainda olhei para o lado para recolher algumas imagens de luz do rio Almonda. Depois voei para casa. Isto porquê? Não tive hoje um surto de larzite. Nada disso, se bem que nos últimos tempos estou muito mais caseira, não sabendo se é bom se é velhice.
O que me faz ir para casa a toque de caixa não é senão perceber se a minha avaria já é passado. O senhor técnico da PT hoje ligou-me para o telemóvel cheio de simpatia e cuidados, porque ah que tenho de ir a sua casa, ao exterior, evidentemente, e onde é que a senhora mora? Ah, sei onde é. Já que não pode estar em casa vou tocar à campainha de um vizinho seu porque preciso de ter acesso a uma caixinha que fica no interior do prédio. E não pode estar às 5.30? Pode? Óptimo.
E vai daí, prometi, ficou prometido e não posso falhar até porque o que está em causa é sagradíssimo para mim. O meu telefone fixo para falar com a tia Fernanda, com a Constância, não agora que ela está no outro lado do mundo e tem mais que fazer do que ligar-me, com a Milú, e com algumas mais, criaturas, de que me abstenho dizer nomes, não por mim, mas por elas, criaturas. A minha net ilimitada. Onde me perco e encontro a qualquer hora do dia ou da noite.
Entrei em casa enquanto desligava o telemóvel pois que teria que responder com algarismos a chamada feita. Por quem? Pela PT que me pergunta de zero a dez quanto dou ao atendimento do técnico que se dirigiu à minha casa.
Senhores, como nós estamos! Ainda não sei se a avaria está resolvida e já eles me estão a pressionar. Os tempos mudaram. Lembrar-me eu do que passei com estes senhores e com o Meo que me tinha sido instalado nos três serviços que eu quis muito ter e depois quis muito não ter.
Claro que apenas tive tempo de perceber que o meu rico telefone que há mais de três semanas se finara, havia ressuscitado quando o dito técnico estava a ligar-me. Olhei o router e uma coisa me ficou desse tempo. São quatro luzes. A segunda tem de estar fixa para que tudo esteja bem. Liguei o computador. Ele queria saber se estava tudo bem. Sosseguei-o. As luzes do router estavam como era preciso.
E aqui estou desde então. Tenho net, tenho telefone e tenho paciência. E quem espera sempre alcança. Se calhar por isso os serviços da PT melhoraram tanto que se fosse muito maldosa acharia que tanta mesura traz água no bico. Ou não...
De qualquer jeito o meu agradecimento ao técnico da PT e a esta pela prontidão com que resolveram o meu problema.
Sem comentários:
Enviar um comentário