sábado, 23 de abril de 2011

num raio de sol


Amanheço feliz, num estado de graça que nasceu comigo. Solto-me e salto a vidraça, para além desta paisagem, verde e húmida da cacimba que caiu na noite. Chove mas não me molha, não me entristece nem se faz cativa em mim. Chove porque o boletim meteorológico chovisca pingos de saber, num estudo do tempo. Que não surpreende nem revolta. É Primavera. E os elementos, num rigor que não me toca, não me queixa nem me inibe, fazem-se presentes. Sinto o cheiro da terra molhada que lembra reprodução. Florescem no monte giestas e perfumam a doce recordação de páscoas a norte de mim. Na manhã branca, semeada de cinzentos, oiço cânticos de aleluia dourando este dia num misto de saudade e aceitação. Amanhece sábado e eu amanheço também entre um raio de sol e a nuvem que chora feliz esta união. Ainda respiro na memória o sonho de toda a vida que se fez verdade na noite que acabou. Amanheço sorrindo, na gratidão...

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