sábado, 9 de abril de 2011

recordar pode não ser viver, mas ajuda

Nasci na Vila Alice. Paredes meias com o Largo Camilo Pessanha. Cresci na Vila ALice. Ali brinquei, estudei, trabalhei e namorei. Dali parti para Lisboa. As últimas pessoas que abracei antes de partir, viviam na Vila Alice, na Rua Alda Lara. Arrisco dizer que 99% dos meu amigos são da Vila Alice. Os meus familiares e até o namorado com quem sonhei casar também ali viviam. A Vila Alice era o meu mundo. O meu porto de abrigo. Afinal o que é a Vila Alice? Uma vila, um bairro? Para lém de ser o chão de muita gente, era como que uma vila dentro de Luanda, que integrava vários bairros. As suas ruas e largos tinham nomes de escritores e o seu povo um grande orgulho de ali pertencer. Após 36 anos de afastamento, os nascidos e vividos nesse bairro, voltaram a saber uns dos outros. O facebook é o responsável, bem como um elemento do bairro que ainda hoje lá vive. Formou-se um grupo de antigos moradores da Vila Alice e muita gente pôde voltar ao passado e reviver os tempos da meninice e adolescência ali passados. E reencontrar pessoas que achava perdidas para sempre. Hoje, em Portugal, dar-se-à o 2º encontro dos antigos moradores da Vila Alice. O 1º aconteceu em Luanda no dia do Pai. Hoje voltaremos todos à Vila Alice e as palavras certa serão saudade e memórias. O sábado terá o sabor do feijão de óleo de palma, e os afectos estarão presentes mais do que nunca, para estas pessoas que se vão encontrar, algumas, ao fim de 36 anos. Hoje o sábado é mais sábado. E eu, vou, sobretudo, para rever pessoas de outros tempos e encontrar-me com outras que há uns tempos não vejo.

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