sexta-feira, 22 de abril de 2011

Chegar-te


Estou sentada. Aqui. Entrei na noite, no sofá da sala. Esticando as pernas para o descansa-pés. Ligando a televisão e na imagem navegando por mares de espuma, azuis e mornos, nas asas duma andorinha, gaivota ou albatroz. Tu saberás que ave me fará chegar a ti. Não sei porque estou aqui. Insistindo em ti. Relendo momentos breves. Revendo imagens de luz. Sorrindo palavras de apreço. Deixando escapar uma gargalhada baixa, de algum constrangimento. Até acenando com a cabeça. Não sei porque, mas espero. Um olá. Um sorriso. Um gesto, um pouco mais do que desconhecido, um pouco mais do que indiferente. Um pouco mais...Por momentos imaginei-te dando um ar da tua graça... hoje seria dia sim. Afinal, de ti nem a sombra. Talvez a chuva tenha parado e fosses ver o mar, talvez quisesses sentir o doce aroma das flores de frangipani lá para as bandas de Luanda, talvez alguma caçada pela savana te aguçasse o engenho, talvez precisasses regar a pitangueira do quintal ou banhares-te na lua cheia da baía. Não estás. Não te sei, nem te sinto. Não te cheiro nem te oiço. Não te encontro nem te procuro. Sei-te algures por aí, numa lonjura que não vislumbro. Se tu sabes de mim, não sei. Se tu sabes o que me sinto, não sei. Sei apenas que hoje me lembrei de ti e voei nas asas de uma ave qualquer, andorinha, gaivota ou albatroz! Que importa?! Se por ti sou capaz de voar e chegar-te...

3 comentários:

constancia disse...

Bonito texto, gostei amiga... Bjs.

Maria Clara disse...

Sempre presente.
Sempre gentil e amiga.
Sempre...
Obrigada querida amiga.
Beijos para ti e todos os teus.
Gosto muito de ti.

maria disse...

Que encanto de texto.
Voa Clarinha, Voa nas asas da esperança e do sonho.
Tu chegas lá.