domingo, 20 de fevereiro de 2011

virou moda

Esta moda agora, surgida não sei como nem quando mas que nos caiu na sopa e a mim sem quase dar por isso, que de repente estava no Continente e a senhora da caixa diz: Pode passar o cartão. Retire o cartão, por favor. Não sei não...
E eu não sou boa de mãos, quer dizer, tenho tudo, os dedos e tal e coiso, mas habilidade não nasceu comigo, até no simples gesto de tentar abrir uma porta à chave que já devem ter aqui lido que nunca é à primeira. É que não fixo e ponho-a sempre ao contrário e o resultado é que já sou a primeira a chamar-me matumba com todas as letrinhas, a abanar a cabeça e a dar-me o desconto que se dá aos atados, coitadinhos, quê que se há-de fazer, não nasceram para isto...
Esta moda até parece que faz mais sentido, pois que o cartão realmente é nosso, porque dá-lo a estranhos, não é? E a operação pode e deve ser feita por nós, até aí tudo jóia. Só que esta prática não se pratica sempre. E a gente esquece-se.
E chego a Sete Rios e peço um bilhete para torres novas. Entrego o cartão, paga maria clara 9 euros, que já aumentou 50 cêntimos, e espero pelo bilhete. E recebo-o. E abandono o local. E volto atrás porque a menina que estava atrás de mim me chama, olhe que esqueceu o seu cartão na máquina...
Eu não esqueci só porque sim. Eu esqueci-o porque era suposto o funcionário entregar-mo.
Voltei à bilheteira. Puxei o cartão com força. Olhei o funcionário. Ele nem pestanejou. E não sei se seria mudo porque foi incapaz de qualquer esgar; careta, sorriso ou fosse o que fosse. De cera, de plástico, múmia, sei lá. Foi então que pensei em mim. Será que sou assim? Na minha função.
E ocorreu-me o dedo pestilento, nauseabundo, em riste, duma criatura muito xunga que 6ª feira passada quando quase fechávamos ao público entrou pela repartição dentro e me tentou picar os miolos. Está a rir-se de quê? Ninguém faz pouco de mim ( não estava ). Não se ria porque olhe que eu sou mafioso.
E francamente só me apeteceu dizer-lhe que conheço mafiosos ao longe e... olhe lá para mim a tremer de medo. Mas estou do lado de cá e limitei-me a olhar para ele até que virou costas sem que antes me dissesse: Está-se a rir? Vá-se rir para a sua família.
E vou, claro. Para quem é que hei-de rir? Para os meus, evidentemente. Só mesmo um mafioso para achar que é uma ofensa rir-me. Se até para ele me ri...
Bem, mas entristece-me que a malta ande tão agressiva. E mal educada. Ou indiferente. Desanimada com o estado da nação. Com o estado lá de casa, com o seu próprio estado...de desgraça. E nós enquanto utentes, os tais que pagamos os impostos, sejamos tratados com tamanha indiferença numa simples bilheteira da estação dos autocarros de Lisboa. Recuperei o meu cartão porque a miúda atrás de mim é solidária. Ele ainda estava na maquineta e o sr. funcionário indiferente a isso parecia uma estátua de gelo.
Devia ter pedido o livro de reclamações. Como o meu mafioso tentou fazer e se enfureceu quando ao que perguntou, oiça lá isto tem livro de reclamações não tem? Respondi: Tem, pois. Quere-o?
Mas ficava muito parecida com o mafioso.
E assim como assim, ando com falta de paciência para me aborrecer.

Sem comentários: