sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

há dias assim

Esta manhã fintei o TUT. Ando com ganas de me vingar. Pois que me tem feito vista grossa e eu não sou de vinganças mas quem mas faz, paga-mas.
Quanto menos feliz me sinto, mais mesquinhos são os meus desejos. E o TUT é um pedregulho nas minhas botifarras, pois já voltei a elas. Sempre são rasteirinhas, que este ano não embandeirei em arco. Não calcei nem uma vezinha que fosse, botas de salto alto, mas em contrapartida tive o atrevimento de seguir as tendências da moda e há que comprar botas até aos joelhos e... como diz uma colega minha, ovelhas não são p'ra mato. Atrofiam-me. Incomodam-me os movimentos dos joelhos e verdade seja dita, são tudo menos elegantes. Fico muito atarracada nelas e mais insuflada o que é algo pouco bonito de se ver quanto mais de se sentir.
Mas já me desviei do assunto e isto faz-me lembrar o meu jantar de ontem, a três. Pois que ontem não fomos duas não senhora. Acho que pus as criaturas quase a dormir tal foi o quase monólogo que estabeleci ali. A tristeza nem sempre me dá para me fechar e se me dá para falar ninguém tem direito a nada, sendo que se instala um clima de verdadeira seca. O que valeu para as outras vezes em que preciso de umas talas para manter os olhos abertos tal a avalanche de palavras que a caçula dispara.
Mas seca estou eu também agora a ser, eu sei bem, que até para mim não há pachorra.
Bem sei que falar do TUT não é interessante. Até porque uma carripana branca a cheirar a naftalina com menos lugares do que o desejável sem um lugarzinho para mim, não será um tema interessante senão para quem nele se desloca diariamente, porque a verdade seja dita, é o meio de transporte que faltava na cidade e que veio acrescentar qualidade de vida aos nossos idosos, aos miúdos da escola e às criaturas como eu que desdenhando, por vezes abençoam a sua paragem a tempo e horas.
Mas hoje fintei-o. Como acordei cedo, ainda não eram oito horas e já eu estava na rua. Devagar devagarinho fui a caminho da boleia do sr. margarido. O tornozelo melhorou mas não podia facilitar, por isso fui rua abaixo, pensando nisto tudo e naquilo de que não falo aqui também, quando vi o TUT ao longe já eu estava na paragem. Ainda ziguezagueou junto a mim mas eu, indiferente, não estive nem ali que nem um músculo mexi, nem os olhos pestanejaram nem um aceno a minha mão fez. E quando avistei o autocarro de Leiria senti se calhar a única satisfação do dia, que hoje foi para lá de mau, que foi perceber que para além de fintar o TUT tinha chegado antes do sr. margarido.
Há dias que não deviam acordar-nos tão cedo. Que não deviam entristecer-nos e que não nos deviam permitir ser pessoas mesquinhas.
Há dias que a semelhança com as lesmas é tal que não fosse odiar babar e rastejar, e não sabia quem é quem...

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