quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

uma buzinadela


Ia eu por aí fora, como sempre, veloz, no alto da minha altivez, me desculpem se não sei bem o significado, mas acho que não estou enganada, sei lá, quererei dizer apenas que ia muito apressada de nariz empinado ( sem pensamentos ou sonhos que me fazem olhar ao acaso, e também para o chão ), dizia então que ia apressadíssima como sempre aliás, não adianta dizer que não ando atrasada muitas vezes, porque ando sim, qual Susana Feitor, numa marcha invejável, mal comparando evidentemente, sob pena de parecer presunçosa, quando ouvi uma senhora buzinadela. Tão sonora que até me assustou.
Olhei. Eu olho sempre. Não sou como aquelas pessoas, mulheres, muito senhoras do seu nariz, que dizem que não, que ninguém as chama por uma buzina, eu cá, só que não me chamem Mãe eu olho, vamos que é algo importante, eu perco se fingir ser uma senhora a quem só podem bater com uma flor.
Olhei. E era demais importante, oportuno, sensato, generoso.
Toca-me a generosidade. Mesmo que não seja comigo. Mas quando me toca a mim, fico mesmo muito tocada.
Bem, mas não vou continuar a encanar a perna à rã.
O que era afinal? O " meu " motorista, se é que o posso tratar com tanta posse. O " meu " autocarro, meu, entre aspas, porque quase nada tenho de meu, convenhamos.
O sr. motorista da carreira que parou o autocarro a mais de 500 metros da garagem para eu entrasse.
E eu fui.
-Bom dia. Evita ir a pé.
E eu agradeci-lhe. Muito. Por palavras o normal, do coração, muito.
Há gente boa, felismente.
Rejubilei perante a idéia de chegar à garagem, dentro do autocarro.
E foi uma festa, para as " minhas " pessoas e para mim.
A Vitória olhou-me como se visse um fantasma. - Já cá está? Os outros riram-se. - Hoje foi a primeira - Nem sempre nem nunca, respondi.
E fiquei no meu lugar preferido, na parte detrás do autocarro, onde tudo acontece.
Quando o dia começa assim é uma benção.
A benção de estar rodeada de gente sã. E generosa...
Obrigada senhor motorista das 8,20 horas.

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