quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Duas da tarde. Estou sentada à secretária.
Toca o telefone. Olho para o visor. Reconheço o número.
Já ninguém me telefona do meu telefone fixo. Este número nunca o tinha visto no visor. Mudei-o há algum tempo. Para confidencial.
O meu telefone há muito não se me dirigia. Não me recordava já do que acontecia com frequência.
-Maieeê?! Parti um ovo.
-Maieeê?! Cortei-me com o xizato.
-Maieeê?! Posso...?
Hoje lembrei-me de outros tempos em que atenda e ouvia - Maieeeeeê...
Uma mãe não é de ferro. É de vidro. Que estrelhaça quando um filho viaja. E uma filha nos liga do nosso telefone fixo.
Não sou saudosista. Nem queria esse tempo. Tão pouco queria devolver a minha cria à placenta. E que se aninhasse no meu ventre.
Mas hoje, quando visualizei o meu número de telefone fixo e levantei o auscultador foi como noutros tempos em que ouvia - Maiiiieê! Posso...?

2 comentários:

david disse...

A propósito, tenho um número novo daqui. Depois mando-te. bj
Em hebreu não é mãe, é Ima...

Maria Clara disse...

Ok. Manda sim rápido.
Beijo.