quinta-feira, 25 de novembro de 2010

aspiração


Quero chegar no raiar da manhã.
No afago fesco da madrugada.
No canto do galo
e no pregão da quitandeira.
Na busina do candongueiro
E no sotaque: madrinha quê manga?
Compra só então mãe, dou uma pra esquebra...
Quero chegar na aurora do dia.
Percorrer as ruas d'acácias em flor.
Ai as acácias da Vila Alice e do Maculusso,
sorrindo coradas...à minha chegada!
Quero o aroma branco, doce, de frangipani sentir
Lá para as bandas de Sambizanga
Comprar miconde n'avozinha da igreja,
que me espera de promessa, juro por sangue de cristo.
Quero sorrir
Sempre a sorrir nesta chegada
Como se não soubesse fazer mais nada...
Quero subir a avenida, degrau a degrau no sonho
No de dormir ou naquele acordado
Exibindo meu orgulho de filha da rua,
do asfalto e da terra, batida
Onde passou o carro da tifa
E os amantes cantaram prá lua
Olhar as mangas que o avó não colheu
E as goiabas que também não comeu
Quero pisar aquele chão
e olhar o meu mar
E o horizonte estar dentro de mim
feito onda a me inundar
de segredos que não guardei
Um deles, ser feliz, porque cheguei...
( por m.c.s.)

4 comentários:

Anónimo disse...

tá quase.....falta mesmo só um coxito..

maria disse...

Ó Clarinha, tão bonito este teu anseio. Vais chegar sim.Falta pouquinho.
Fizeste-me chorar sabias?

Bolinha disse...

Tão lindo....já está quase.

Maria Clara disse...

Falta...o quase.
Que quase tão longo!