terça-feira, 9 de novembro de 2010

De véspera

Já é dia nove.
Faz hoje 28 anos, passei a noite a rebolar na cama, sem conseguir dormir. Cheia de dores estranhas. Que nunca antes tinha sentido. Dolorosas.
Chorei. Num pranto baixinho e sentido. Medroso e conformado. Advinhava o que se estava a passar e tinha pânico do que aí vinha.
De madrugada fui para o sofá, para deixar dormir quem não tinha dores.
Vi o dia romper, desanimada e enjoada.
Durante toda a manhã tive uma indisposição nunca antes tida. Não almoçei comida de fogo, não era capaz. Mas...
Ah pois é! Não perdi tempo. O que é que eu comi?
Que vergonha Deus meu!
Uma torta da Dan Cake com recheio de chocolate. Toda. Inteirinha. Fatia a fatia. Parece que me estou a ver.
Foi talvez o único desejo que tive durante nove meses, mas valeu por todos.
À tarde rumei à Golegã. Não para visitar a Feira das vaidades e do cavalo que neste altura lá está pomposa, elitista e presunçosa, num fora de tempo que já não se usa, porque já todos são pelintras enfarpelados a rigor montando fracassos a trote em cavalos de batalhas que não ganham. Pûs-me ao caminho porque a Alzira Amaral, angolana ( porque será que até para parir fui ajudada por duas angolanas diferentes no tempo e nos filhos? ) e médica que seguira a minha gravidez me dissera que ao menor sinal fosse logo.
E eu fui. E saí de lá com o coração bem apertadinho, porque sabia que era inevitável. O meu bebé não podia nem queria ficar na minha barriga, nem mais um dia. Estava por horas...

3 comentários:

maria disse...

Coisa fofa! Que ternura!
Linda, amiga.
Estavas com o rabinho bem apertadinho é o que é.

Anónimo disse...

agora só falta dizeres k a langela é k tinha vontade de comer a torta da dan cake.......GULOSA!!!!!!!!!!!!!!!nem a parir fecha a boca.....

Maria Clara disse...

Mas olha só, para o que me deu...
Hoje abomino essas tais tortas. Mas ela, a dita cuja criancinha que nasceu de mim, adora.