sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

uma confissão do fim do mundo!




Sempre disse que sou feita do que fui. O passado não me pesa mas deixa-se levar por mim e nem sempre me trata por tu no presente. O futuro é hoje pois que amanhã não existe.
Nada sei, mas desconfio. E para o caso de não haver amanhã, para o caso do mundo partir para lugar nenhum e se finar, eu tenho uma confissão a fazer. 
Sempre a quis fazer. Sempre quis uma saída em grande. Memorável. Ou de não haver 
memória...por estar no futuro. 
Treinei confissões pela vida fora. Treinei palavras, gestos, sorrisos, expressões. Inventei frases. Pensamentos. Estórias e poemas. Assinei por baixo.
Ainda assim, a minha criação não me pertence. Algures no mundo alguém as disse como eu, alguém as sentiu e tal como eu alguém as quis confessar. São as palavras que o vento trás e leva...
Nada invento. Nada me pertence. Não tenho o futuro na mão. 
Mas sei que O futuro mora aqui. Neste preciso momento. Aquele que sei meu. E é por isso que hoje, aqui, neste lugar, antes que o dia termine, para o caso do mundo se finar, eu, não pecadora, me confessarei. 
Não é novo mas é sempre uma novidade surpreendente e benvinda. 
Escuta bem porque estou por tudo e ou hoje ou nunca, e porque há coisas que se guardam para o fim e só no limite se dizem e depois de o dizer fica dito e não repetido. 
Já sabes que não gosto de segredos e este tem-me pesado muito, como um fardo para a minha pobre coluna vertebral.Vulgo espinha. Que por vezes se crava na alma. 
Um dia alguém mo disse e eu achei o fim do mundo alguém ter a pureza, a delicadeza, a honestidade, a beleza de, e para, o dizer.
Não era véspera do mundo se acabar e mandar tudo para as ortigas, não era nenhuma coisa de outro mundo nem sequer o princípio do fim; não foi um ver se te avias nem numa pressa que se faz tarde, foi porque sim. E sim, eu amei. E não esqueci.
Agora, hoje e aqui, sem medos nem sequer do lobo mau que quer enganar o capuchinho vermelho que vai levar o lanche a avozinha, enfim, não quero que te pareça uma estória da carochinha, mas aqui vai e seja o que Deus quiser, apesar de duvidar que Deus esteja ligado a estas minhas apetências para o drama, até porque dramático será, o mundo terminar, assim de supetão, como se o mundo se estrepasse e não houvesse amanhã, vamos fazer de conta, ou não, que vai escafeder-se mesmo e vamos todos para os quintos do infernos, arder no fogo do pecado, eu salvo a parte da pureza, da beleza, da honestidade, da delicadeza para te confessar que " gosto tanto, tanto, tanto de ti, que acho que te amo ".
Não és padre nem meu confessor mas faz de conta. Até porque, como se o fosses, tens de me dar a absolvição, pois amar não é pecado. Ah! E não ficamos cá para semente mas se ficarmos por tempo indeterminado, rega-a porque se não for regada finda-se como o mundo se findará. 

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