Marquei-nos encontro. Estás a rir? Não acreditas? Quem és tu para duvidares? Juro sangue de Cristo! Eu não falo sempre verdade? Parece me apanhaste alguma vez com a boca na botija dizendo mentira?!...
É! Marquei-nos um encontro. Numa esquina deste Outono que me parece o ideal para limarmos arestas. Colocarmos os pontos nos is. Acertarmos o passo, quem sabe?!
Marquei encontro contigo.
Perguntas, mas é mesmo para quê?
Esqueceste? Às vezes faz falta.Sinto a tua falta. Mesmo do pessimismo, do medo e da tristeza. Da nostalgia,da desconfiança e insegurança que tens quase sempre. Bem sei que parece que estou a jogar-te nas ruas da amargura. Deixa. É só mesmo o que parece. Nem sempre é. Tu sabes. Aliás tu sabes sempre mais do que eu. Sempre me lembro de te ver pôr o dedo abaixo do olho, forçá-lo a abrir e dizeres matreira, abre o olho que aqui é Luanda. Tu tens vantagem de mim porque és tímida, calada e observadora. Perspicaz e curiosa.Simpática.
Marquei-nos encontro. Na estrada da vida. Numa curva do caminho, numa paragem qualquer de candongueiro, desses de nome bonito.
Na minha imaginação. No sonho de te falar, tocar, olhar e acreditar que mais das vezes somos harmonia e equilíbrio.
Andei um pouco perdida de mim e de ti. É tramado ficar imcapacitada. Mudar as rotinas. O chão fugir dos pés. Cair na monotonia pobre de uma vida limitada. Lamber as feridas. Respirar a um pulmão, despedir, abraçar, despedir, esperar...
Mas hoje decidi que eu e tu, nós, eu, apesar de não ser urgente, é aconselhável um encontro em nós. De nós...
Assim numa de, sou mais eu!
Não, sossega o espírito desconfiado e um pouco complexo. Não vou levar a arrogância. Prometo que a fecho a sete chaves que nem ela vai saber que existe. Levo antes a lucidez. Para clarear as ideias. Juntar os trapinhos. Dois podem mais que um, então? Estamos juntas ou não estamos? Acho que ultimamente andamos meio perdidas uma da outra. De costas às avessas. Não é bom para nenhuma andarmos assim sem rei nem roque. Só unidas venceremos. E eu, quero muito vencer, tu não? Não. Não entendeste. Não quero vencer batalhas, guerras. Não estou para aí virada. A minha cena é mais sonhar, amar, encantar e ser encantada. Ai ser encantada! Parece já me estou a ver assim numa novela daquelas que a gente vê há tantos anos mas nunca conseguiu ser a própria da protagonista de final feliz.
Lá estou eu a embandeirar em arco. É por isso que nos marquei um encontro. Preciso de ti. Que me puxes as orelhas, que me arregales os olhos, que me soletres com toda a frieza a palavra so- nha-do-ra. Lhe dês um sinónimo inventado por ti como só tu sabes, assim por exemplo , ma-tum-ba. E sei lá, a risques do meu vocabulário.Do nosso quotidiano.
Na verdade sinto saudades tuas. És a minha sombra. Mesmo quando não olho para ela. Sinto-te.
Deve ser do Natal estar aí à porta. É bom iniciarmos a noite de Natal juntas. Numa de noite feliz, noite feliz, o jesus Deus de amor, pobrezinho nasceu em Belém... malmequer,bem me quer, muito longe está quem me quer bem, acabas tu, enquanto me entregas um malmequer que eu desfolho. Malmequer.Bem me quer...sim, muito longe está quem me quer bem e na verdade Jesus nasceu em Belém. Ai, jesus que estou a ficar piegas tentando disfarçar ridiculamente. Desconversando. A propósito de pieguices leva-as contigo para o nosso encontro certo? Eu levava uma cebola,pois tenho muita pena mas não posso chorar mas o cheiro incomoda-te e no final das contas lágrimas de crocodilo não são verdadeiras.
É de facto inevitável que nos demos encontro. De preferência na noite. E feliz.
Sabes? Como eu não gosto de segredos vou contar-te um. Estou louca de saudades tuas. Gosto de ti pá e como tenho a certeza que gostas de mim tal e qual como eu, sem tirar nem pôr quero mais é dar a mão e juntar as nossas possibilidades. Dar um abraço e dizer, estamos Juntas para o que der e vier.
Marquei-nos encontro. Para marcar a diferença. E selarmos a nossa igualdade. Para sempre...
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