domingo, 24 de julho de 2011

episódio

foto tukayana.blogspot" Vê lá se aproveitas. Olhos bem abertos para os gajos bons " disseram-me ao telefone. Uma brincalhona, é claro. - Aonde é que eles estão? Aonde?, foi a saída mais rápida que encontrei para o conselho. Como este, há sempre muitos por parte das meninas amigas, que gostam de brincar. As mulheres falam mais de gajas que de gajos, mas também calha de quando em quando. Depois de desligar, fiquei a olhar a água azul e fria da piscina e o deserto de gajos bons e maus que por ali havia. Fiquei com o sorriso suspenso, como se o frio da água me tivesse congelado o gesto e se acaso aparecesse um dos bons, fugiria dali a sete pés, qual centopeia, e já não seria bom, pois eram pés a mais e susto também.
Mas, afinal, o que é um " gajo bom "? Perguntem-me, vá, vá, que eu respondo. Não que eu tenha a fórmula, mas se quem me aconselha a arregalar os olhos soubesse o que eu acho dos gajos bons desta vida, ficaria desiludida comigo. Quer dizer, eu acho que desconfia mas não acredita que um gajo bom precisa de ter uma voz bonita. Com sotaque? Só se fôr o sotaque da banda, levezinho, não vamos exagerar né? Pele morena. Mãos perfeitas. Bem humorado. Respirando inteligência. Ah, e bem calçado. Nada de t-shirts de decote redondo junto ao pescoço, nem fios, pulseiras e anéis de ouro. Bigode, nem pensar. Barba pode ser, mas bigode sozinho a esconder as feições, senhores, é coisa do século passado e mesmo que a moda pegue de novo, acho que as mulheres não gostam. Mas será este o padrão? Eu oiço-as, mais do que me oiço a mim, e sei que um gajo bom deve ter mais de 1,80, deve ser bonito, grisalho, com alguma boa-vontade integram os carecas neste rol, olhar de el matador, o que não é difícil porque as criaturas que pertencem à década de 40 e cinquenta, (( quase todos ) são muito cheias de si, e bem vestidos e cheirosos. Há quem acrescente, olhos verdes. Eu diria, e o rabinho lavado com água de colónia, não???
Enfim! Estava eu a olhar para a piscina deserta de apolos e outros deuses, quando de repente surge um que poderia corresponder à minha descrição e à descrição das mulheres no geral. Este " gajo " bom, chegou à espreguiçadeira e poisou a toalha. Tirou o boné ( não sei bem se ganha ou perde qualidades ), descalçou os chinelose e não despiu mais nada porque ficaria como veio ao mundo. Encaminhou-se para o chuveiro. Parou, abriu a torneira, levantou a cabeça e bateu com os olhos nos meus que sorriam imaginando a minha amiga... e se imagino mais gozo me dá pois aqui está alguém com os requisitos necessários para ficar no rol dos gajos bons. É claro que não lhe ouvi a voz, não lhe vi as mãos, não me parecia bem humorado, nem estava bem calçado, quanto à inteligência...enfim, deixou muito a desejar quando se convenceu que era um verdadeiro dono do pedaço. Mas, tinha mais de 1,80, era moreno, grisalho, elegante; não lhe vi a cor dos olhos mas era indiferente com todos os outros itens. O deus apolo pôs um pezinho na água, na beirinha da piscina, e sem que eu afastasse os olhos da figura e ele farto de saber que estava a ser olhado, dá um mergulho daqueles, que para quem nunca mergulhou na vida ( eu ) só consegue achar maravilhoso e só não há palmas porque aquele não era o meu gajo bom, mas o gajo bom da minha amiga e eu apenas observava como se comporta um gajo bom das gajas com mais de 40. Com mais de quê? Das gajas de todas as idades, e mais aquelas que assim que começam a usar sutien, já estão a investir nos kotas, pois que estes espécimes gostam mesmo é de catorzinhas, brancas ou negras, a cheirarem a cueiros, a boca cheia de balões da pastilha elástica e piruetas no trapézio.
Com estava a dizer, o apolo universal inicia a sua exibição. A plateia é fraca. Eu e um casal de duas mulheres, uma negra e outra branca, que são namoradas pois já as vi aos beijos dentro de água e são muito queridas uma com a outra quando estão ao sol nas espreguiçadeiras. Há também um espanhol que tem uma perinha, uma barriga enjoativa e usa calções pelos joelhos, às flores, e se passeia pela piscina dos putos como se fosse vigilante. O Apolo dá umas braçadas até ao meio da piscina, e olha para mim, quietinha no meu canto, apenas alimentando a vaidade do gajo bom das minhas amigas mulheres, só por estar ali a olhar para a figura. Depressa chega ao topo. Volta para trás e faz outra piscina. Desisti. Já vira tudo o que havia para ver. Agarrei no livro de crónicas de Lobo Antunes. Isso sim um livro escrito por um...não, apesar de ter uma voz bonita, ser inteligente, ter sentido de humor, não sei se tem mãos perfeitas e se anda bem calçado, por isso fico-me por um escritor bom, para lá de bom, apenas e só, um dos meus escritores preferidos. Hei-de debruçar-me sobre este tema para perceber se os meus escritores preferidos são gajos bons. Desconfio que sei qual vai ser o resultado. Mas será um estudo para depois de férias. Voltando ao apolo versão kota, voltei a ele quando alguém deu uma gargalhada. Olhei à volta. De gajo bom nem vê-lo.
Conclusão a que cheguei, recordando outra amiga que me diz que já não há gajos bons. São todos de plástico. Ou irreais. Ou uma ilusão. Será? Ia jurar que vi alguém que era um gajo, se era bom, não o sei. Também sei que apanhei sol na moleirinha. A confusão que a minha amiga havia de me arranjar...

4 comentários:

maria disse...

E então?
Aproveitaste ou nem por isso?
Bjo.

Maria Clara disse...

Ahahahahahahah!!!
Beijo grande.

Anónimo disse...

es tão tola ah ah ah ah

anónimo disse...

Clarita, acho que o Anónimo deve ser algum fã que não corresponde ao que o teu texto descreve como GAJO BOM.Talvez algum baixinho complexado.Hehehehehehehe