Acordei de bem comigo.
Nem sempre isso acontece. Provavelmente, quando me deito com uma preocupação, zangada ou triste.
Deitei-me ontem com a certeza do dever cumprido. Com a certeza de que se no mundo tivermos um amigo do peito, um que seja, que nos apoia, ajuda e vai para a guerra connosco, faz o descanso do guerreiro ao nosso lado e no dia seguinte está lá para nos dar os bons dias, o mundo no seu pior enfrenta-se com coragem e no seu melhor, é um mundo mais honesto, divertido e fácil de ser encarado.
Acordei de bem comigo. Repousei até mais horas do que o habitual. E sem pressas fiz-me à manhã.
Quem me espera? Ninguém. Ou melhor, eu. Eu espero por mim. Espero de mim...
Espero um dia tranquilo. De sol. Ameno e alegre.
Sou capaz. A calma que sinto, o sol que me brilha e a certeza de ter amigos bastam e combatem a tempestade que poderá ameaçar-me.
Sempre aparecem nuvens saturadas. Carregadas. Cinzentas, querendo desabar sobre a nossa cabeça.
Espero passear-me pelas ruas da manhã em busca de inspiração para florescer nas horas que o dia tem e espalhar generosamente o seu pólen pelas estradas das vidas que me acompanham e que se fazem presentes quando preciso, quando não preciso, só porque sim, porque me respeitam e gostam de mim.
Acordei de bem comigo. Porque todos os dias faço as contas. Ajusto-as. Com a outra parte de mim. De contas feitas, o mundo inspira-se, inspira-me o tempo a viver.
Acordei e olhei o espelho. Devolveu-me a imagem de sempre. Viva.
Sorri e olhando nos olhos de mim percebi que se eu não gostar de mim, ninguém gostará.
Olhei de novo e me declarei. Não de papel selado, carimbo, selo branco, chancela. Ou lacre.
Apenas na confirmação que o espírito sabe.
Na certeza que mesmo não sendo papel legal, declaração oral, olhos nos olhos basta, para fazer fé e ser real. E lhe ser dado cumprimento. Num, até que a morte nos separe, corpo do espírito.
Me declarei para a alma transparente, de mim. Porque amor a gente tem de regar diariamente para conservar. Porque amor a gente cuida com carinho, dedicação e verdade.
- Quem é, quem é que te ama mais do que eu?
E dos lábios sorridentes, na alma rejubilante, resposta surgiu naturalmente: Eu!
Por isso, acordei de bem comigo.
Sem comentários:
Enviar um comentário