terça-feira, 2 de abril de 2013

diário de uma reformada



Hoje, são 2 de Abril de 2013 - Terça-feira -Torres Novas ( aaaaaaaah, ainda por aí? perguntam-me espantados e eu respondo - porque não? Não há nada como estarmos de contas feitas e trocos nos bolsos )
Ontem, enquanto andava os 7 kms diários, a horas que se estivesse a trabalhar nunca andaria, telefonou-me uma colega que conheço há 27 anos e com a qual desenvolvi uma relação não só profissional mas de amizade, perguntando-me com alguma, muita, ironia, se tinha saudades do trabalho. Uma colega que foi muito próxima e que geograficamente não o é já. Também ela meteu os papéis para a reforma numa data posterior à minha, estando à espera do dia em que também passará a técnica superior de lazer. 
Perguntou e eu tive que lhe responder com toda a verdade. 
Há como que uma libertação que transborda se sou questionada. Um alívio. Uma pressão a desaparecer. Uma esperança de vida melhor a surgir.
Uma certeza a construir-se. Foi a melhor escolha. Não tenho dúvidas disso. 
Não há como ter saudades. Numa franqueza que tenho sempre quando me olham nos olhos, afirmo que não as tenho. Nenhumas. Já não as tinha nos fins de semana e nas férias, períodos em que batia com a porta e nunca mais voltava a pensar naquele mundo que tantas vezes era desfavorável, injusto, pesado, cobrador e feio. Que tantas vezes foi o pior mundo do mundo. Aquele de que eu queria fugir a sete pés e nunca mais voltar. Aquele que exigia tudo e pouco dava. 
Estou em casa há 2 dias. Como é bom estar em casa por tempo indeterminado...
É o sonho tornado realidade. Um sonho sonhado anos a fio. Que podia realizar-se se um euromilhões o resolvesse. Um sonho que nunca se cumpriu desse modo. 
Nos últimos dias de trabalho, estando nós em férias judiciais e a redução de funcionários sendo uma realidade, o ambiente prestou-se a mais desabafos, tendo chegado um colega ao cúmulo do ridiculamente impossível mas que traduz a saturação, a pressão a que somos sujeitos diariamente. Dizia ele que queria estar no meu lugar e pagava para trocarmos de lugar.
Dei comigo na mesma loucura que ele, respondendo-lhe que não me sentaria no seu lugar por dinheiro algum. Que jamais trocaria...
E na verdade não disse senão a verdade. 
Como posso eu ter saudades?
Estou no segundo dia de boa vida e sinto-me viva, livre, satisfeita e relaxada.
Vislumbram-se no horizonte algumas possibilidades que me deixam tranquila. 
Não quero fazer contas de cabeça mas o saldo é positivo.
Faria se tivesse os bolsos cheios de dinheiro para gastar à la garder!...

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