terça-feira, 18 de maio de 2010

O muro

Quero sentar-me no muro.
Naquele muro do meu tamanho, de tamanho de candengue.
Ficar lá de Janeiro a Dezembro. De noite, de dia, no lusco fusco.
E dali partir para o mundo.
Ver o menino lançar o papagaio às riscas que nem zebra. Voar na boleia da cauda de serpente.
Vou-te esperar para juntos assistirmos ao jogo de bola de trapos e gritarmos golo para o eusébio lá da rua.
Quero sentar-me no muro contigo. E ligar o interruptor. Alumiar o céu de estrelas cadentes e pedir milhões de desejos, na esperança de um, ser esperança.
Deixa-me escolher-te para ficares comigo no meu muro e sonhar os teus sonhos.
Não tem a menor graça ficar ali sozinha, e os meus sonhos, conheço-os de cor e vou correndo para os alcançar quando tomo balanço do muro para a mulemba, da mulemba para o muro, nas asas que o sonho me dá.
Vem sentar no muro, que eu te guardei o lugar e estou à tua espera.

2 comentários:

Constancia disse...

Que lindo Clara. Gostei muito. Linda a maneira como consegues levar-nos para dentro do teu mundo.
Um beijo grande

Maria Clara disse...

Obrigada querida.
Outro para ti.