quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

renovação

Fechei o livro. Arrumei as ideias. Esqueci as palavras. 
Bati a porta. Não olhei para trás.
O grande mal, é, se caio na tentação e de soslaio, como quem não quer coisa nenhuma, olho uma última, medrosa e insegura vez. 
O menos mal é que nunca será a derradeira, escuso de me cansar, porque já se vê que não abandono a fórmula antiga do comprometimento com o que lá vai. Não me abandono.
Volto atrás e recomeço. Fechei o livro. Arrumei as idéias. Esqueci palavras. Bati a porta. Não olhei para trás.
Desci as escadas. E fui...
Todos os dias vou. E enquanto fora da rotina, repetição de permanecer protegida, estou liberta de mim. Solta no mundo. Presa ao desafio que a vida me oferece.
Por vezes sinto vontade de fugir. Para o lugar remoto e desconhecido de mim onde nunca me sentei para abrir o livro. 
Desarrumar as idéias. Lembrar as palavras. Abrir a porta. E contemplar a obra.
Por vezes dou meia volta e a volta fica dada. Acomodo-me, ajusto-me ao que está à mão de semear, se bem que nem sempre colho frutos, porque nem sequer espalho a semente, preparo a terra, preparo-me e espero que a natureza se dê ao tempo. E a mim. Se dê.
Por vezes, estou fora e dentro de mim. Quanto mais saio, mais me encontro.
Penso no livro. Nas idéias. E nas palavras. Que me levam e me trazem nas viagens. Apeadeiros, que servem para ordenar pensamentos e criar intervalos, onde encontro o mote para me reinventar, pessoa normal que quer ser feliz e nem sempre vislumbra a meta. E se recusa ao fim da viagem.
Todos os dias me dou ao deus dará, numa entrega isenta de juros, mas sonhando dividendos. 
Todos os dias desço escadas. E vou...
Se desço, subo-as. Voltar não é o fim, mas antes o início de um novo processo. 
Uma renovação.
Voltar quer dizer conhecer o caminho. Voltar, afinal, significa olhar para trás. Sem culpa. Querer recomeçar...

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