quarta-feira, 10 de outubro de 2012

hoje...hoje não!



Queria fazer-te um poema mas hoje apenas sei rimar amor com dor.
Somar anos de perda. Sem beijos, nem abraços. 
Sem ouvir os teus passos.
A tua voz. 
Porque hoje, faz tanto tempo, vi-te partir com as quadras rimadas que declamavas.
Com as desgarradas que tão bem cantavas.
Com a alegria que alimentavas no dia a dia.
Com os gestos de bem querer.
Com os sonhos na terra longe sonhados
Com a vontade que tiveste sempre, de viver.
Vi-te partir sem dares nome ao livro das nossas vidas que um dia eu queria ler.

Hoje queria fazer-te um poema mas há palavras que não sei dizer
Versos difíceis de perceber
Páginas que de tanto te invocar desesperei
Nas saudades que te chorei.
Queria fazer-te um poema, mas hoje, o dia oferece-me folhas de outono vazias da tua presença.
Ideias confusas de compreensão
E tristeza no meu coração
Hoje, pai, não é um bom dia para te fazer um poema
Quem sabe, amanhã?
Hoje...hoje não!

m.c.s.

2 comentários:

GM disse...

Quem sabe, amanhã.
Porque não, talvez amanhã, por aqueles a quem amamos.

Continuação de melhoras.
Beijos

anamar disse...

Boa noite

Sou Anamar. Li alguns posts do seu blogue ... lerei seguramente mais.
Os meus parabéns pela forma simples, comovente e espantosa, com que consegue traduzir as suas emoções.
Vivi em Luanda de 70 a 72...Já lá vão muitos anos, mas guardo até hoje, a cor e o cheiro daquela terra vermelha, e o fulgor da flor de acácia, que só África consegue parir ...
Continue por favor. Comentarei sempre que possa.
Um beijinho
Anamar