quarta-feira, 17 de outubro de 2012

O meu lamento, ainda...




Este ano de 2012 não fui ser feliz à minha terra.
Não fui resgatar a alma que fica dependurada num imbondeiro qualquer, aguardando que o corpo chegue e sejam enquanto estou, um ser feliz que toca o céu com a palma das mãos.
O subsídio de ferias, ordenado a que tive e tenho direito, por lei, foi-me negado.
Para ser a pessoa mais feliz do mundo, pisando o meu chão, ouvindo o meu povo, falando sotaqueado, sentindo o cheiro da minha terra, ficando no local onde está a minha placenta, concretizando o maior sonho de todo o ano,  qualquer subsídio de férias me chega. 
Tão pouco materialmente, para tanto bem à alma!
Deixei de poder viajar.
Amputaram-me a alegria, o prazer, o estado de graça, o crescimento, o mundo que eu conquisto quando viajo.
Em nome da crise, aceitei. Muito contrariada. Reclamando sempre. Fazendo greves. Integrando manifestações. Mas aceitei.
Eis senão quando, no sofá da sala, na limitação onde me encontro devido a um contratempo acidental, oiço na televisão que para o ano de 2013 as viagens e estadias no estrangeiro, dos membros do governo, serão agravadas em custo  5,3 %. 
Quem suportará? Nós. O povo.
De política percebo pouco. 
Sei que tal como eu que viajo para benefício próprio, todos os que viajam o fazem. Reflecte-se depois no que nos rodeia.
Eles vão lá fora, dizem, procurar soluções para o país. Para o desenvolvimento do país. Apostar nas relações internacionais. Obterem parcerias. Dividendos.
Ate aí, eu percebo. Vão trabalhar e zelar pelo país. E também percebo que os custos dessas viagens nos saiam dos bolsos através de impostos.
O que eu não percebo são os meandros dessas viagens de que se fala descaradamente bem como do dever do povo, cada vez mais pobre, a suportar o agravamento dessas viagens.
Não é justo que eu tenha deixado de viajar por impossibilidade financeira, culpa da situação  e me chamem a pagar as viagens de uma classe política que me tem arruinado  dia a dia um pouco mais a cada dia.
Este país já nada tem de justo e sensato. De democrático.
Conforme decidi não viajar porque não me posso endividar, decidi não ouvir mais notícias sobre o estado da nação e seus carrascos.
O meu coração faz taquicardia há muitos anos. Não me posso enervar, indignar nem revoltar pois que pode o dito pregar-me uma partida.
Para além de que  um dia destes não tenho dinheiro para comprar Inderal. 
Enquanto isso...andam uns e outros pelo estrangeiro fora gastando o meu, o teu, o nosso,( não o deles ), dinheirinho que tanto nos custa a ganhar. 
Onde é que eu, tu, nós, vamos parar?
Será ao estrangeiro?



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