foto tukayana.blogspot
Depois d' um fim de semana abençoado, aqui estou saindo do Porto, de regresso a casa.
No intercidades, com destino ao Entroncamento, o sol ainda alto, temperatura amena e uma carruagem lotada de gente bonita. No norte há gente linda, ar limpo, moderno e discreto. Este comboio vai carregado de gente dessa, e tenho p'ra mim, assim como quem tem uma teoria, que deve ser para não quebrar a harmonia deste fim de semana mágico e prolongar o estado de graça que afinal, desde sexta-feira, conquistei em Lisboa com o jantar para 21 pessoas que confeccionei, para o Alfama-te.
Onde está a clara insegura e cheia de medo de falhar? Não sei. Sei que me descolo dessa criatura frágil cuja pele vesti uma vida, para me aventurar até onde o impossível me disser que é o limite.
No intercidades, com destino ao Entroncamento, o sol ainda alto, temperatura amena e uma carruagem lotada de gente bonita. No norte há gente linda, ar limpo, moderno e discreto. Este comboio vai carregado de gente dessa, e tenho p'ra mim, assim como quem tem uma teoria, que deve ser para não quebrar a harmonia deste fim de semana mágico e prolongar o estado de graça que afinal, desde sexta-feira, conquistei em Lisboa com o jantar para 21 pessoas que confeccionei, para o Alfama-te.
Onde está a clara insegura e cheia de medo de falhar? Não sei. Sei que me descolo dessa criatura frágil cuja pele vesti uma vida, para me aventurar até onde o impossível me disser que é o limite.
E o espírito aberto, alegre, disponível e convicto continuou o percurso na noite que acabou no espaço da Mira, uma brasileira da Amazónia, simpática e generosa que mais do que explorar o Tejo Bar, recebe quem ali vai com sorrisos e boa disposição, num tu cá tu lá que é mais você, não fosse ela brasileira, do interior dum brasil que nem todos, se calhar, nenhuns, conhecem.
E apesar de dormir, miseráveis quatro horas, à semelhança da noite anterior, o espírito mergulhou no fim de semana num atirar-se de cabeça , num vaipe, num perder a dita cabeça e ala moço que se faz tarde, que nesta fase da vida não dá para adiar p'rá amanhã o que a gente pode fazer hoje, quando é para daí retirar prazer, gandaia, caipirinhas, de nos fazer pensar que já não temos os pés no chão, foi isso que me aconteceu sexta, quando me puseram uma nas mãos que de estômago vazio e cheia de sede, sôfrega bebi e não fosse apanhar o ar fresco da noite Alfamada da cidade má linda do mundo, tirando a minha Luanda, entre becos e esquinas, escadas de madeira íngremes e um stop maria clara que tens de ter juizinho e ia ver-me a tentar triste e ridiculamente fazer o quatro, prova provada de que o álcool já subiu à cabeça e já desceu às pernas e que tentativas são deprimentes recursos usados pelos bêbados de ocasião, porque os outros não fazem quatros, fazem figuras mais tristes ainda, verdadeiros trinta e uns.
Claro que a Mira se encarregou d'ajudar a que os vapores da lima (?), gelo(?) e cachaça ( yes ) se esfumassem, oferecendo a companhia, a risada e a desvalorização da coisa. Passou rápido porque nem mais uma gota passou na minha garganta, nessa noite, e até hoje, que eu cá não sou pessoa de copos e canecas. Das últimas só de chá.
O comboio vai parando nas estações e à medida que isso acontece uns e outros vão fechando os olhos e dormitando. Não tenho sono. Ontem à noite, apaguei de cansaço. Inquietantemente. Assustando a minha companhia de quarto de hotel. É. De vez em quando, se estou de companhia, relaxo e tenho pesadelos na vigília do sono. E stresso quem está na cama ao lado. Ah pois! Não há peixe p'ra malucos que as minhas companhias não se atiram para a minha cama que aí vai disto, que o respeito é bonito e eu gosto. Quem me ensinou isso foi a companhia deste fim de semana que nunca pede um quarto com uma só cama. Depois duma vida a dividar cama, passei a dormir sozinha e achava um desperdício tanto espaço. Hoje, ninguém me apanha a dividir cama de bom grado. As pessoas mudam de vontades quando se mudam os tempos.
O casal da frente de vez em quando troca olhares comigo. Não me apetece tirar os fones, largar o computador e entabular conversa. Nem sempre nem nunca. São namorados. E lindos. Parecem manequins. Ela morena, cabelos compridos castanhos e um sinal no rosto, igual ao da catarina furtado. Olhos castanhos ternos e honestos. Ele loiro, pele branca, enorme e elegante. Gente que me parece bem. Dão as mãos como fazem os namorados. Ao meu lado uma miúda que deve estudar medicina. Falou com duas pessoas ao telefone, sobre as aulas e utilizou palavras como catéter, também em fazer uma óssea, não sei o que isso quer dizer, e outras que me permitiram perceber estar na área da saúde. Mas um pouco chatinha a miúda, o que provocou algum incómodo na namorada do bonitão que de vez em quando olhava para mim e passou a prestar atenção à minha parceira do lado depois dela dar nas vistas, falando alto ao telefone e abrindo um iogurte grego que comeu.
No corredor, um miúdo, entusiasmava-se com o miar dum gato invisível. Onde é que tá o gato mãe? E espreitava os bancos e os pés dos viajantes. A mãe, mulher magríssima, cabelos compridíssimos, e nariz de papagaio fez-me lembrar a Luísa que se se apaixonava por uma criatura com nariz de papagaio dizia manipuladora: Nariz não marca feição. E eu contrariava-a, lembrando-a da " descansa ó bico ", uma criatura, aí para a idade da Luísa que trabalhava num local frequentado quase que obrigatoriamente, pela população torrejana. A descansa ó bico ganhou a alcunha porque o nariz marca feição sim, não fosse ter aquele nariz enorme e virando a ponta para baixo até à boca e poderia ser uma mulher diferente. Mais simpática. Esta mãe era bonita porém um pouco sisuda para quem tem beleza, é nova e tem um filho tão esperto e bonito. Quando finalmente desci na minha estação, ela e o filho desceram também, atropelando a minha saída. Lá fora um homem aproximou-se deles, deu um beijo a ambos e perguntou à mãe: Então? Não vens bem disposta, não querias vir embora do Porto?
- Dá lá a mão ao teu filho...
. Beeeem! Como estamos...para a próxima ficas lá.
Eu é que me vi nas amarelas para dali sair. Fiquei sem bateria no telemóvel. Recebi uma chamada do mano Zé mas não a tempo de responder. Morreu-me o telemóvel e bloqueei. Saída das saídas? Pedir num dos snack bares em frente à estação que mo deixassem carregar uns minutinhos para me ligar ao mundo que me salvaria de mais um transporte ao serviço do povo, quer dizer, o mano Zé deve achar que está ao serviço do povinho pois é solicitado não só por mim, e mais do que um já é povo. Apesar de ser mulher a criatura que me atendeu, sim, apesar de ser mulher, não se negou ao favor e pude finalmente perceber que tinha, não o mano Zé mas a Joana à minha espera para me levar a casa.
Dou por finda a minha viagem. Foi boa. O fim de semana foi óptimo. O motivo da minha ida para norte foi nobre. Um príncipe reinando num palco e encantando-me como nos contos de fadas que nunca vivi mas mas lhe contei antes dos sonhos das suas noites de criança.
E apesar de dormir, miseráveis quatro horas, à semelhança da noite anterior, o espírito mergulhou no fim de semana num atirar-se de cabeça , num vaipe, num perder a dita cabeça e ala moço que se faz tarde, que nesta fase da vida não dá para adiar p'rá amanhã o que a gente pode fazer hoje, quando é para daí retirar prazer, gandaia, caipirinhas, de nos fazer pensar que já não temos os pés no chão, foi isso que me aconteceu sexta, quando me puseram uma nas mãos que de estômago vazio e cheia de sede, sôfrega bebi e não fosse apanhar o ar fresco da noite Alfamada da cidade má linda do mundo, tirando a minha Luanda, entre becos e esquinas, escadas de madeira íngremes e um stop maria clara que tens de ter juizinho e ia ver-me a tentar triste e ridiculamente fazer o quatro, prova provada de que o álcool já subiu à cabeça e já desceu às pernas e que tentativas são deprimentes recursos usados pelos bêbados de ocasião, porque os outros não fazem quatros, fazem figuras mais tristes ainda, verdadeiros trinta e uns.
Claro que a Mira se encarregou d'ajudar a que os vapores da lima (?), gelo(?) e cachaça ( yes ) se esfumassem, oferecendo a companhia, a risada e a desvalorização da coisa. Passou rápido porque nem mais uma gota passou na minha garganta, nessa noite, e até hoje, que eu cá não sou pessoa de copos e canecas. Das últimas só de chá.
O comboio vai parando nas estações e à medida que isso acontece uns e outros vão fechando os olhos e dormitando. Não tenho sono. Ontem à noite, apaguei de cansaço. Inquietantemente. Assustando a minha companhia de quarto de hotel. É. De vez em quando, se estou de companhia, relaxo e tenho pesadelos na vigília do sono. E stresso quem está na cama ao lado. Ah pois! Não há peixe p'ra malucos que as minhas companhias não se atiram para a minha cama que aí vai disto, que o respeito é bonito e eu gosto. Quem me ensinou isso foi a companhia deste fim de semana que nunca pede um quarto com uma só cama. Depois duma vida a dividar cama, passei a dormir sozinha e achava um desperdício tanto espaço. Hoje, ninguém me apanha a dividir cama de bom grado. As pessoas mudam de vontades quando se mudam os tempos.
O casal da frente de vez em quando troca olhares comigo. Não me apetece tirar os fones, largar o computador e entabular conversa. Nem sempre nem nunca. São namorados. E lindos. Parecem manequins. Ela morena, cabelos compridos castanhos e um sinal no rosto, igual ao da catarina furtado. Olhos castanhos ternos e honestos. Ele loiro, pele branca, enorme e elegante. Gente que me parece bem. Dão as mãos como fazem os namorados. Ao meu lado uma miúda que deve estudar medicina. Falou com duas pessoas ao telefone, sobre as aulas e utilizou palavras como catéter, também em fazer uma óssea, não sei o que isso quer dizer, e outras que me permitiram perceber estar na área da saúde. Mas um pouco chatinha a miúda, o que provocou algum incómodo na namorada do bonitão que de vez em quando olhava para mim e passou a prestar atenção à minha parceira do lado depois dela dar nas vistas, falando alto ao telefone e abrindo um iogurte grego que comeu.
No corredor, um miúdo, entusiasmava-se com o miar dum gato invisível. Onde é que tá o gato mãe? E espreitava os bancos e os pés dos viajantes. A mãe, mulher magríssima, cabelos compridíssimos, e nariz de papagaio fez-me lembrar a Luísa que se se apaixonava por uma criatura com nariz de papagaio dizia manipuladora: Nariz não marca feição. E eu contrariava-a, lembrando-a da " descansa ó bico ", uma criatura, aí para a idade da Luísa que trabalhava num local frequentado quase que obrigatoriamente, pela população torrejana. A descansa ó bico ganhou a alcunha porque o nariz marca feição sim, não fosse ter aquele nariz enorme e virando a ponta para baixo até à boca e poderia ser uma mulher diferente. Mais simpática. Esta mãe era bonita porém um pouco sisuda para quem tem beleza, é nova e tem um filho tão esperto e bonito. Quando finalmente desci na minha estação, ela e o filho desceram também, atropelando a minha saída. Lá fora um homem aproximou-se deles, deu um beijo a ambos e perguntou à mãe: Então? Não vens bem disposta, não querias vir embora do Porto?
- Dá lá a mão ao teu filho...
. Beeeem! Como estamos...para a próxima ficas lá.
Eu é que me vi nas amarelas para dali sair. Fiquei sem bateria no telemóvel. Recebi uma chamada do mano Zé mas não a tempo de responder. Morreu-me o telemóvel e bloqueei. Saída das saídas? Pedir num dos snack bares em frente à estação que mo deixassem carregar uns minutinhos para me ligar ao mundo que me salvaria de mais um transporte ao serviço do povo, quer dizer, o mano Zé deve achar que está ao serviço do povinho pois é solicitado não só por mim, e mais do que um já é povo. Apesar de ser mulher a criatura que me atendeu, sim, apesar de ser mulher, não se negou ao favor e pude finalmente perceber que tinha, não o mano Zé mas a Joana à minha espera para me levar a casa.
Dou por finda a minha viagem. Foi boa. O fim de semana foi óptimo. O motivo da minha ida para norte foi nobre. Um príncipe reinando num palco e encantando-me como nos contos de fadas que nunca vivi mas mas lhe contei antes dos sonhos das suas noites de criança.
1 comentário:
olá, como está? Grande farra essa pela Norte ( imagino eu )....lol. Espero que se tenha divertido na minha terra Natal. beijos e uma boa semana. adorei o texto e a fotografia.
Enviar um comentário