terça-feira, 22 de setembro de 2015

a minha posse

Ganhei-me. 
Quando aos poucos fui perdendo riquezas. 
Vantagens. Beleza. Viagens. Certezas.
Herdei-me.
Quando olhei para o lado e só lá estava eu.
E vi-me. No espelho inimigo. Na sombra. E no perigo.
E li-me. E reconheci-me. No livro. 
Na história que me narrou. E crucificou. 
Naquele testamento, que me contemplou.
E muito doeu. 
Na falta do que me pertenceu.
Sou minha. Muito minha. Sempre minha. 
Porque não pertenço a ninguém. E não mais me dei. 
Sou pertença herdada desde que abandonada à minha sorte fiquei.
Ganhei-me. 
E essa posse foi lavrada e lacrada em real escritura.
Reconhecida que foi a minha desventura. 
Mas... sou minha. No tudo e nada que me herdei. 
Herança que me protege, alimenta e me sustenta com doce e justa bravura. 
Porque me amo e amarei.

m.c.s.

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