O mundo vai civilizando-se.
Cada vez mais, há divórcios. Pelos motivos mais variados. Pelos velhos motivos. Por não haver motivos.
Há porém uma nova atitude de quase todos os ex. ( odeio esta designação, mas fazer o quê? até eu que a odeio, a uso )
Em vida mantêm a devida distância. A necessária para que sejam civilizados.
Ocorre-me até uma frase que no Ribatejo se usa muito e se calhar em todo o lado, que descreve um pouco essa forma de sentir que está no espírito de quase todos os ex: " Xó, xó melga, desinfecta a zona ". Cada um na sua, não vá o diabo tecê-las.
Se se encontram, por via de circunstâncias, como, acontecimentos que envolvam filhos, há uma educação que se promove e faz questão, um engolir de sapos indigestos, nada que uns sais de fruto não resolvam, para que conste e fique bem, não vão os constrangimentos atrapalhar ou prejudicar.
E à força do fazer de conta, do hábito, torna-se fácil esse relacionamento ocasional e civilizado.
O mundo vai civilizando-se. E espero que seja para a vida.
Mesmo que, no mais das vezes, cinicamente. Lavar roupa suja é para os electrodomésticos adequados. E não há necessidade de despertar falecidas questões.
E por falar em mortos e enterrados, termino com a situação fúnebre com que todos terminam.
Não que seja uma coruja, ou carpideira, mas porque sim, já vai acontecendo o(a) defunto(a) ser acompanhado(a) à última morada pelos ex. e pelos actuais.
Ainda é um prato cheio para os vivos que acompanham o morto mas tornou-se oportuno celebrar, perdão, chorar o seu ex vivo in loco, ao lado do (a) actual viúvo (a ).
Pode ser por educação, cinismo ou até para terem a certeza de que a dita criatura perdeu o pio de vez, mas que é muito civilizado, é.
É o que vale!
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