foto tukayna.blogspot
Os sinos não tocaram à minha entrada.
Ninguém para mim olhou.
A passadeira vermelha se a tinha não dei por ela.
A luz das velas misturava-se com o tempo chuvoso e tristonho deste verão em despedida.
Acho porém que Alguém me viu, me tocou, e me convidou a entrar e me fez chegar ao altar.
Os cânticos, as vozes em coro, descendo até mim, vindos d' um céu que os homens oferecem para a meditação, também me tocaram.
A pele se arrepiou e os meus olhos, ai os meus olhos... choraram. Na emoção.
Na presença de mim, força que cede e se declara vulnerável. E vê ali um colo. E encontra ali refúgio. Abrigo.
Queria acreditar. Queria acreditar na igreja, na mensagem que tenta passar. Não sou capaz. De elevar a alma e entregar-me à causa, cegamente.
Mais apaziguada seria.
O que me leva então a me aceitar neste lugar de culto? A paz. A serenidade.
O alvoroço do meu coração. A meditação.
O ajuste de contas com a vida e comigo.
A luz que acendo às velas que coloco.
Os cânticos. As vozes que se erguem aos céus e tocam o mais fundo de mim e desencadeiam um soluço. Que me despem e vestem e me viram do avesso e me fazem chorar sem filtros, nem silêncios.
Sem culpa nem angústias.
Num desabafo imenso. Num alívio.
Num excesso de adrenalina.
Afinal, uma necessidade.
Sentei-me a olhar as imagens. Em tarde de céu encoberto e alma exposta.
Repleta. Completa. Agradecida.
As lágrimas correram soltas. O soluço, mil soluços, contive-os. Melhor, asfixiei-os. Guardei-os. Para outro tempo, outro lugar, outra estação.
Os sinos não tocaram à minha entrada, mas ainda ecoam dentro de mim.
Alguém me viu, me tocou e me convidou a orar. E eu orei...
1 comentário:
O Céu disponível por aqui, tão perto.
E tanta alma no engano de um lugar remoto. No futuro? Onde é isso?
Bom texto e sugestivas fotografias... do céu.
Enviar um comentário