domingo, 15 de setembro de 2013

emoção

foto tukayna.blogspot
Os sinos não tocaram à minha entrada. 
Ninguém para mim olhou. 
A passadeira vermelha se a tinha não dei por ela. 
A luz das velas misturava-se com o tempo chuvoso e tristonho deste verão em despedida.
Acho porém que Alguém me viu, me tocou, e me convidou a entrar e me fez chegar ao altar.
Os cânticos, as vozes em coro, descendo até mim, vindos d' um céu que os homens oferecem para a meditação, também me tocaram. 
A pele se arrepiou e os meus olhos, ai os meus olhos... choraram. Na emoção. 
Na presença de mim, força que cede e se declara vulnerável. E vê ali um colo. E encontra ali refúgio. Abrigo.
Queria acreditar. Queria acreditar na igreja, na mensagem que tenta passar. Não sou capaz. De elevar a alma e entregar-me à causa, cegamente. 
Mais apaziguada seria. 
O que me leva então a me aceitar neste lugar de culto? A paz. A serenidade. 
O alvoroço do meu coração. A meditação. 
O ajuste de contas com a vida e comigo. 
A luz que acendo às velas que coloco. 
Os cânticos. As vozes que se erguem aos céus e tocam o mais fundo de mim e desencadeiam um soluço. Que me despem e vestem e me viram do avesso e me fazem chorar sem filtros, nem silêncios.
Sem culpa nem angústias. 
Num desabafo imenso. Num alívio. 
Num excesso de adrenalina. 
Afinal, uma necessidade.
Sentei-me a olhar as imagens. Em tarde de céu encoberto e alma exposta.
Repleta. Completa. Agradecida.
As lágrimas correram soltas. O soluço, mil soluços, contive-os. Melhor, asfixiei-os. Guardei-os. Para outro tempo, outro lugar, outra estação. 
Os sinos não tocaram à minha entrada, mas ainda ecoam dentro de mim.
Alguém me viu, me tocou e me convidou a orar. E eu orei...

1 comentário:

Agostinho disse...

O Céu disponível por aqui, tão perto.
E tanta alma no engano de um lugar remoto. No futuro? Onde é isso?

Bom texto e sugestivas fotografias... do céu.