quinta-feira, 5 de setembro de 2013

grande...

Nove e dez, domingo, primeiro dia de Setembro, verão quente, neste lugarejo que dá por nome de Olival Basto, encostadinho à Calçada de Carriche, encostadinho a Odivelas e Póvoa de Santo Adrião, Frielas e por aí adiante.
Tenho comboio às nove e cinquenta e seis para a estação de Riachos/ Tores Novas/ Golegã. Aquele que pára em todas. Curto o preço, os balanços e os cinco kms que me separam de Torres Novas que é o mesmo que dizer que de taxi é mais barato que o Entroncamento,( intercidades ) de boleia ( mano Zé ) não custa tanto à generosidade e disponibilidade de irmão.
Coço a cabeça pensativa. A esta hora só com muita sorte (?) é que consigo chegar a tempo, uma vez que o metro da linha amarela me deixa no Saldanha e passo para a vermelha, mas Oriente fica lá longe, que até fico com os olhos em bico numa tentativa frustrada de o aproximar de mim na distância e no tempo.
Decido ir de metro até ao Campo Grande. Depois logo se verá. 
Viu-se. Claro que saí ali, coisa que faço imensas vezes para assim aproveitar a tarifa de Lisboa e chegar a tempo e horas ao comboio ( não cheguei mas isso foram outros quinhentos ). 
O que um pobre remediado faz para poupar! 
Dirijo-me à praça de taxis. Baixo-me para perguntar se posso entrar e subitamente aparece-me um rapaz ao lado. Olho-o e ele coloca a mão na porta da frente.
- Vai para onde?
- O que é que tem a ver com isso? ( percebi-o mas não estava interessada em dividir taxi com alguém que se apresenta deste jeito ).
- Diz lá, vamos juntos.
- Você pode ir no taxi seguinte, apontando o segundo taxi.
- Mas eu não quero outro. Quero este. 
Não discuti. Olhei o motorista seguinte e perguntei-lhe se podia ir para o seu taxi.
Este ficou sem jeito, sem saber o que me dizer. O rapaz entra no "meu " taxi para sair passados uns segundos. Sai a correr atravessando a estrada e entra no autocarro que está parado mesmo em frente ao Estádio de Alvalade. O taxista diz ao meu que não o levava pois ele queria ir para a Cidade Nova, em Loures e com este comportamento comigo dava para desconfiar das suas intenções. A Cidade Novas tanto quanto sei é um bairro problemático de Loures e temido por taxistas mesmo de dia.
Sei que os taxistas têm problemas graves com alguns, muitos passageiros. Sobretudo à noite. Sendo eu criatura de dar conversa a taxistas, adoro falar com eles, torna os percursos mais agradáveis e sempre aprendo alguma coisa sobre aquele mundo profissional, já várias vezes me relataram acontecimentos que são uma vergonha, são assustadores, numa cidade que parece tão amistosa e pacífica como Lisboa.
Sempre pensei que a cor da pele era factor decisivo numa corrida. Achei sempre profundamente xenófobo. 
Hoje lembrei-me de um amigo ( branco e a viver em Luanda há décadas ) que me disse há pouco tempo, que não tem de ter cuidados superiores com pessoas negras. É igual para ele. E se tiver de xingar um negro, xinga mesmo, porque o motivo do xingamento não tem a ver com a cor da criatura mas sim com a circunstância que o põe em brasa. Concordo e sempre pensei assim também.
Quando ouvi este mwangolé dizer com toda a desfaçatez: Eu quero este, nem pestanejei, mas de mim para mim disse: Grande c#b&#o!

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