sexta-feira, 27 de setembro de 2013

aurora

Há nas primeiras horas da manhã promessas cumpridas. 
Aquietam-se os grilos. Param os pirilampos de iluminar o negrume que se clareia à luz da lua e do tempo passando veloz no relógio da torre da igreja.
O gato mia à janela. O guarda-noturno completa o quarteirão. Mais uma ronda na calada da noite dando voz às primeiras horas da manhã. 
De quando em quando, uma viatura cruza as ruas que se encontram na porta de casa. 
Em breve outras promessas se farão cumprir.
Em breve, a noite deixará de dormir.
Há nas primeiras horas da manhã, o nascer do dia, igual a tantos outros. 
Há preguiça, sono e fome. Pressa. Discussão. Desencanto. Metro. Autocarro, barco, comboio. Pesadelo. Dever. Resignação. 
Só nos corações boémios e livres nasce um poema. 
Hora rimará com aurora, manhã com maçã. Queixume com perfume. Flor com amor. 
E eu, juntarei as rimas, subestimarei os poetas ávidos de noites partindo e dias chegando e soprarei palavras soltas para enfeitar esta madrugada em trânsito. 
Depois...depois a prosa me inspirará e despertarei para este novo dia. 
Envolta em poesia. 

m.c.s.

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