quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Fazendo justiça


Hoje é o Dia Internacional do Médico.
Não sou médica. Nem sequer fiz faculdade. 
No liceu escolhi a área de ciências com as disciplinas que pertenciam à antiga alínea que me levaria à medicina.
Por razões que não interessam para aqui, fiquei-me pelo caminho. Com pena. Muita pena.
Fui professora um ano, em Luanda. Em Torres Novas enquanto fazia o estágio para oficial de justiça tinha um part-time como assistente de consultório médico que durou o tempo que durou o consultório em Torres Novas. Fiz as férias de uma assistente do mesmo médico no seu consultório de Alcanena e fiz férias da esposa desse médico no colégio pré-infantil que ambos possuíam em Cascais. Por via disso, conheci a vila, conheci pessoas fantásticas e apaixonei-me por essa terra. Este o meu percurso profissional que se foi afastando da medicina, inevitavelmente. 
O médico que me deu a oportunidade de ficar um pouco mais perto do meu sonho? João Frederico Ataíde. Pessoa amiga sempre, que me ajudou quer na qualidade de médico, quer na qualidade de amigo. 
Mas afinal porque razão venho aqui falar de médicos? Todos os dias são dias de qualquer coisa e nem por isso os destaco, mas hoje é um dia especial. Assim o entendo.
Para além de ter tido a aspiração frustrada de ser médica, eles, os médicos, andaram sempre perto de mim, ou eu, na forma de doente ,gravitando à volta deles. Não que o quisesse. Ou queria? O hipocondríaco se calhar é médico-dependente e eu legítima portadora desse palavrão ( acho que passou ao passado ) andei sempre de mãos dadas com essas criaturas fantásticas que considero superiores.
Sim. Superiores. E não adianta falarem-me em quaisquer outras e mui dignas profissões que eu não cedo.
Para mim, são anjos na terra e está tudo dito. 
Se me disserem que há médicos e médicos, pois claro que sim. Que os há. Não é dos outros que falo mas dos que honram a sua profissão e vocação e são assim os salvadores do nosso corpo e também do espírito dando-nos mais qualidade e anos de vida.
Não consegui, não tentei, longe de mim o atrevimento de querer que os meus filhos seguissem essa profissão. São o que sempre quiseram ser. Porém, sim, tenho que o dizer, tinha adorado que um deles quisesse ter sido médico. Dá sempre jeito, estar ali à mão. Mentira. 
É mesmo a profissão que mais me inspira. Que mais respeito e admiro. Quem me conhece sabe que sim.
Mas vou confessar um segredo porque eu até nem gosto de segredos. O médico é também o único profissional de quem eu tenho pavor. Dominar-me totalmente, fazer-me sentir pequenina e frágil, a par com ser mensageiro de más notícias provoca-me essa sensação de menina assustada na sala de aula, vendo a professora agarrar na régua e prometer...
Por isso preciso que o médico seja tu cá tu lá comigo para que esse medo a que chamam respeito mas que reconheço como pavor, se atenue. Se o senhor é sisudo, faço até a tensão da bata branca e aí vai disto, galopando a minha rica tensão até ao 15, 16 de máxima. Raramente tenho tensão alta se o médico for o tal do tu cá tu lá.
Que dizer mais? Se vou a hospitais gosto de ver médicos. Nas suas batas. Com os utensílios do seu trabalho. Como o seu ar respeitável e sábio. Superior. Apetece-me fazer-lhes continências. Vénias. Bater palmas. Sorrir-lhes e agradecer-lhes. 
Se os vejo na televisão fico fascinada pelos depoimentos que dão. Pelos conhecimentos adquiridos. Pela segurança com que o demonstram.
Palavra de médico para mim é lei. Hum! Eu que trabalho na justiça...
Por tudo isto e mais que não me ocorre é que hoje, em Dia Internacional do Médico aqui estou. Dando voz à minha alma. Fazendo justiça à profissão mais linda do mundo.
Quero deixar alguns nomes que foram importantes na minha vida.
Drª Rosinda Guimarães e Dr. Costa e Silva que me salvaram de morte quando com 4 anos tive febre tifóide.
Dr. João Ataíde, que já mencionei. Salvou-me duma mononucleose infecciosa que ia mandando comigo para as alminhas, aos vinte e cinco anos. 
Dr. Carlos Nuno ( zanguei-me com ele há cinco anos e nunca mais foi o " meu " médico mas durante anos a perder de vista, aturou-me muitas madurezas ) ; médico irrepreensível que me falhou enquanto pessoa amiga. No contexto em que foi não podia ter falhado, por isso o corte radical.
Dr. Santiago Quintas ( psiquiatra ). Adormeceu numa consulta, coitado. Pudera! Era verão, depois do almoço, sábado à tarde e eu uma verdadeira sarna. Lol! 
Drª Alzira Amaral, obstetra, angolana, seguiu a minha primeira gravidez.
Drª Helena Lage, obstetra, angolana, seguiu a minha segunda gravidez e ajudou-me a dar à luz o meu príncipe, o que não foi fácil pois a pequeno texugo tinha só 4,900 Kgs.
Foi bom e completamente coincidente estas médicas serem angolanas. Há coisas que a gente não consegue explicar mas que têm mão do destino.
Dr. Pais Bernardino, pediatra, moçambicano e um homem de muita sabedoria. Salvou a minha filha d' um problema grave, quando era bebé.
Depois, destaco os médicos do Hospital Santa Maria onde os meus filhos já foram operados. A equipa do Dr. Lobo Antunes da neurocirurgia e na medicina, o dr. Carlos.
Os médicos do Hospital de Torres Novas e os da urgência de ortopedia do Hospital de Abrantes.
Por fim tiro também o meu chapéu aos médicos meus amigos e os que me estão ligados por laços familiares, sem esquecer aqueles que são meus amigos do facebook.
Muitos parabéns a todos estes e todos os outros médicos, verdadeiros Anjos na Terra que Deus põe no nosso caminho para nos ajudarem, contribuindo para a nossa salvação.
Salve o Dia Internacional do Médico.

2 comentários:

persiana fechada disse...

Olá. teve uma vida de aventureira, de viajante, ainda que por necessidade de ganhar dinheiro. Mas acho que não é o dinheiro que a move, são as pessoas, a cultura, a amizade, o convívio. Olhando para si, não é o dinheiro que a move. Se poderia ter sido uma cientista brilhante ou médica conceituada? Podia, porque basta olhar para si. tem cultura, gosta de conhecer. e a Maria Clara, como é que se sente? beijos e um bom fim de semana. as melhoras

Maria Clara disse...

Obrigada Nuno. Bom fim de semana.:)