foto tukayana.blogspot
A rotina é inimiga de uma mente aventureira. Eu que o diga quando estou com a minha amiga Manuela.
Que as saídas pedestres ao fim da tarde para uns quilómetros se transformaram em rotinas, transformaram, mas que estão longe de serem repetitivas e iguais, nem pensar.
Ontem descobrimos uma estrada nova, perto do estabelecimento prisional e voltamos atrás para observarmos e percebermos. E percebemos que mais dia menos dia um condomínio se erguerá paredes meias com outro que já lá existe e ali perto da prisão, do cemitério e do ribeiro. Porque era já noite, os cães das poucas casas perdidas no meio do campo, ladravam, e no lusco-fusco não víamos com nitidez toda a paisagem bonita que se desfruta ali, deixámos para hoje.
Equipei-me com o fato de treino e sapatilhas e saí direita ao Bom Amor. Encontrei a minha amiga a regar a sua horta, perfeitamente pronta para me acompanhar. Observei as cerejeiras. Aquelas árvores lindas que dão frutos vermelhinhos, maravilhosos, que me permitem consolar de prazer de saborear o fruto que mais gosto. Eu não gosto só. Eu sou doida por cerejas e a espera que lhes faço tem o mesmo sabor que o da minha viagem a Luanda. Uma ansiedade boa antevendo já o prazer que tenho com o assunto. Mas tenho muito que penar, o que também já é coisa a que não sou alheia. Penar é comigo mesmo e o hábito faz o monge. Mas é que nem flor se vislumbra. Quanto mais fruto. Nem melros lembrando que elas ali estão prontinhas para serem saboreadas quer por mim quer por eles.
Se a volta dada pelo interior da cidade é de uma monotonia deprimente, a escolha hoje, pela variante, tem tudo menos pasmaceira. Deixámos a estrada principal e optamos por fazer o reconhecimento da outra margem da ribeira e passar por uma ponte antiga no meio do campo entre água, árvores, campos cultivados, algumas, poucas casas agrícolas, um único automóvel que se cruzou connosco e um bêbado que cambaleando se aprumou ao passar, cumprimentando educadamente com um solene boa noite que me espantou.
Acabamos por ir para o centro da cidade onde como sempre parece que emigraram em massa numa subserviência ao nosso primeiro. O Raul à porta da padaria, conversando, lembrou-me um tempo que não sei se quero lembrar.
Descer o viaduto é algo que me dá gozo fazer. Apetece-me sempre abrir os braços e voar. A visão que se tem do alto é imponente. O castelo iluminado ao fundo, a avenida junto ao rio. A torre da igreja de Santiago, com o sino cheio de luz. O hospital velho e o antigo quartel ao fundo. O espaço onde era a casa Nery, agora limpo como se aguardasse a feira de Março que parece mudou de sítio este ano. O aqueduto na quinta que espreitamos de cima. Hoje passa-se algo com um rebanho de ovelhas que se agitam junto à maior nespereira que algum dia vi.
Descer o viaduto é estar no fim da marcha, muitas vezes em passo de caracol. É parar. Encontrar alguém que sobe e que conhecemos e deitar conversa fora. É pensar num bom banho, roupa lavada. É pensar numa noite repousada. Amanhã será outra volta. Outro dia.
Que as saídas pedestres ao fim da tarde para uns quilómetros se transformaram em rotinas, transformaram, mas que estão longe de serem repetitivas e iguais, nem pensar.
Ontem descobrimos uma estrada nova, perto do estabelecimento prisional e voltamos atrás para observarmos e percebermos. E percebemos que mais dia menos dia um condomínio se erguerá paredes meias com outro que já lá existe e ali perto da prisão, do cemitério e do ribeiro. Porque era já noite, os cães das poucas casas perdidas no meio do campo, ladravam, e no lusco-fusco não víamos com nitidez toda a paisagem bonita que se desfruta ali, deixámos para hoje.
Equipei-me com o fato de treino e sapatilhas e saí direita ao Bom Amor. Encontrei a minha amiga a regar a sua horta, perfeitamente pronta para me acompanhar. Observei as cerejeiras. Aquelas árvores lindas que dão frutos vermelhinhos, maravilhosos, que me permitem consolar de prazer de saborear o fruto que mais gosto. Eu não gosto só. Eu sou doida por cerejas e a espera que lhes faço tem o mesmo sabor que o da minha viagem a Luanda. Uma ansiedade boa antevendo já o prazer que tenho com o assunto. Mas tenho muito que penar, o que também já é coisa a que não sou alheia. Penar é comigo mesmo e o hábito faz o monge. Mas é que nem flor se vislumbra. Quanto mais fruto. Nem melros lembrando que elas ali estão prontinhas para serem saboreadas quer por mim quer por eles.
Se a volta dada pelo interior da cidade é de uma monotonia deprimente, a escolha hoje, pela variante, tem tudo menos pasmaceira. Deixámos a estrada principal e optamos por fazer o reconhecimento da outra margem da ribeira e passar por uma ponte antiga no meio do campo entre água, árvores, campos cultivados, algumas, poucas casas agrícolas, um único automóvel que se cruzou connosco e um bêbado que cambaleando se aprumou ao passar, cumprimentando educadamente com um solene boa noite que me espantou.
Acabamos por ir para o centro da cidade onde como sempre parece que emigraram em massa numa subserviência ao nosso primeiro. O Raul à porta da padaria, conversando, lembrou-me um tempo que não sei se quero lembrar.
Descer o viaduto é algo que me dá gozo fazer. Apetece-me sempre abrir os braços e voar. A visão que se tem do alto é imponente. O castelo iluminado ao fundo, a avenida junto ao rio. A torre da igreja de Santiago, com o sino cheio de luz. O hospital velho e o antigo quartel ao fundo. O espaço onde era a casa Nery, agora limpo como se aguardasse a feira de Março que parece mudou de sítio este ano. O aqueduto na quinta que espreitamos de cima. Hoje passa-se algo com um rebanho de ovelhas que se agitam junto à maior nespereira que algum dia vi.
Descer o viaduto é estar no fim da marcha, muitas vezes em passo de caracol. É parar. Encontrar alguém que sobe e que conhecemos e deitar conversa fora. É pensar num bom banho, roupa lavada. É pensar numa noite repousada. Amanhã será outra volta. Outro dia.
1 comentário:
passear faz bem á alma e é da maneira que apreciamos outras coisas. beijos
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