Chaves ao fim da tarde estava, parecia o dia do juízo final, se é que eu sei o que isso é. E por se saber como é todos os anos, nos Santos, com a devida antecedência, não fosse o diabo tecê-las, o Diogo, ( meu primo ) lá me levou à estação para mais uma viagem, mais uma voltinha que vou ali e não sei quando volto, talvez mais para o verão, quem sabe...
O autocarro que saía às 17,30, chegou por volta das 5,10. Tinha ido comprar o bilhete ali ao balcão, no dia de ontem, pelo que estava folgada. Achei curioso terem-mo tirado através do computador, quando em Agosto até o nome me pediram, tendo sido escrito à mão, mas, voilá, não me perdi em suposições que a minha cabecinha também serve para ir ao cabeleireiro como diria alguém a quem oiço isto com frequência.
Acho que tenho uma coisa estranha com as viagens. É raro viajar que não me aconteça alguma que me ponha a pensar. Por vezes parece que somos amigos coloridos outra vez parece que eu e as minhas viagens temos uma relação amor-ódio. Se não, a ver vamos.
Entrei no autocarro depois de ter visto entrar uma meia dúzia de pessoas sem que esperassem pelo motorista. Lembrei-me que da outra vez o motorista foi lugar a lugar verificar o bilhete. O meu número era o nove. Tentei encontrá-lo mas em vão. Perguntei a uma menina que por acaso estava sentada na fila da frente e ela lá me indicou os números mesmo por cima da cabeça dos passageiros, lugar onde não os encontraria assim às primeiras. Estamos a falar duma empresa que não é rede expressos onde por norma viajo.
Foram entrando passageiros. Um casal parou quase à minha frente. Ela perguntou à mesma menina onde se procuravam os números. Descobriu-os. Olhou para mim e disse:
- O lugar onde a senhora está sentada é o meu - muito cheia de si.
- Não é não. Estou sentada no meu lugar.
- Estes não são o 9 e o 10? Então são os nossos.
Olhei-a bem nos olhos para não haver equívocos e disse para comigo - aguenta os cavais maria clara, conta, conta até 10 se fôr caso disso.
Curiosamente, nunca contei tanto até dez como nos últimos tempos. E resulta. E não me chateio. E relevo. E encolho ombros e mando tudo para as urtigas, chamo tudo menos mãe a quem me atenta ou me quer afrontar, mas alguém me ouve? Naaaaaaaaão!
Se resulta? Resulta pois. Sem desgastes que isto está mau para gastos quanto mais para desgastes.
Depois de respirar fundo disse: O meu lugar é o nove e é este sim.
- Então e nós onde nos sentamos?
- Minha senhora, isso não é um problema meu. Terá de falar com o motorista.
Nesta altura o marido ( creio que era o marido, pela idade de ambos, seria sim ) fala pela primeira vez.
- Então quer dizer que a senhora tem o mesmo lugar que nós? Como é que pode ser? Então venderam o mesmo lugar duas vezes?
- Pois, se calhar venderam, se o senhor não estiver enganado com o seu número.
Nesta altura confesso que até pus em dúvida a minha visão e fui verificar se o meu era de facto o nº 9. E era. E estava já a ficar impaciente com aqueles dois, sobretudo com ela que começou por dizer: Bem, é que entra muita gente nos autocarros e sentam-se no primeiro lugar que encontram. Bem, porque aquela senhora diz que tem o número nove, eu não sei, mas ela diz que tem, dirigindo-se a outra que reivindicava o seu lugar porque entretanto as criaturas sentaram-se do lado de lá do meu.
Ouvi, ouvi e tentei pensar noutra coisa, mas a mulher a picar-me os miolos não deixava. Pensei nas cinco horas de viagem que tinha pela frente e estava fora de questão aborrecer-me.
O motorista chegou perto de mim quando a criatura ( a mulher ) dizia de novo para trás para a outra, ah e tal e coiso, que há pessoas que entram e sentam-se e...
Entreguei o meu bilhete ao motorista e depois dele o verificar disse-lhe que dissesse aos senhores que se queixavam de eu ocupar o lugar deles, qual era o meu número. E este fê-lo. E logo ali ouvimos, todos os que tinhamos ouvido todo o resto, que - mas não estava a duvidar da senhora, isto está é mal feito, como é que vendem o mesmo lugar duas vezes, ó senhor motorista como é que isto foi arranjado?
- Não sei. Não sou eu que tiro os bilhetes, têm de reclamar na bilheteira, disse o pobre motorista.
E pronto. Acabou aqui a polémica. Há dias que vale mais não sair de casa. Se querem saber tinha ficado em Chaves até ao fim de semana pelo menos. Mas as saudades da Pitanguinha eram mais que muitas e a partir do meio da viagem, entre Viseu e Coimbra já deitava autocarro pelos olhos e só queria era ver-me a entrar no carro do mano Zé, que a primeira coisa que me disse quando entrei foi: A tua gata, Jesus, tombou o cesto da comida, com a pata tirou comida do saco, revolveu os tapetes... coitado do mano Zé ( com o devido respeito, que dizem que coitado é corno e a minha cunhada é gente séria, evidentemente ), repito, coitado do mano Zé que só leva com a parte má de todas as minhas histórias. Ele é ir pôr-me e buscar-me ao comboio. O mesmo, para o autocarro para norte ou vindo de norte. Tratar-me da Pitanga se fico mais do que o fim de semana fora e não a levo comigo, enfim, e mais, muito mais.
Um dia, isto muda. Não há bem que sempre dure nem mal que não acabe. E circular não dizem que é viver? Pois então, circular já eu faço por isso, continuando a circular lá chegarei ao dia em que vou recompensar o mano Zé de todos os sacrifícios que faz por mim.
Obrigada meu irmão, por tudo. Já fui e já voltei e nas duas viagens tu estiveste lá, para me despachares para norte e para me despachares para canto ( de casa ).
O autocarro que saía às 17,30, chegou por volta das 5,10. Tinha ido comprar o bilhete ali ao balcão, no dia de ontem, pelo que estava folgada. Achei curioso terem-mo tirado através do computador, quando em Agosto até o nome me pediram, tendo sido escrito à mão, mas, voilá, não me perdi em suposições que a minha cabecinha também serve para ir ao cabeleireiro como diria alguém a quem oiço isto com frequência.
Acho que tenho uma coisa estranha com as viagens. É raro viajar que não me aconteça alguma que me ponha a pensar. Por vezes parece que somos amigos coloridos outra vez parece que eu e as minhas viagens temos uma relação amor-ódio. Se não, a ver vamos.
Entrei no autocarro depois de ter visto entrar uma meia dúzia de pessoas sem que esperassem pelo motorista. Lembrei-me que da outra vez o motorista foi lugar a lugar verificar o bilhete. O meu número era o nove. Tentei encontrá-lo mas em vão. Perguntei a uma menina que por acaso estava sentada na fila da frente e ela lá me indicou os números mesmo por cima da cabeça dos passageiros, lugar onde não os encontraria assim às primeiras. Estamos a falar duma empresa que não é rede expressos onde por norma viajo.
Foram entrando passageiros. Um casal parou quase à minha frente. Ela perguntou à mesma menina onde se procuravam os números. Descobriu-os. Olhou para mim e disse:
- O lugar onde a senhora está sentada é o meu - muito cheia de si.
- Não é não. Estou sentada no meu lugar.
- Estes não são o 9 e o 10? Então são os nossos.
Olhei-a bem nos olhos para não haver equívocos e disse para comigo - aguenta os cavais maria clara, conta, conta até 10 se fôr caso disso.
Curiosamente, nunca contei tanto até dez como nos últimos tempos. E resulta. E não me chateio. E relevo. E encolho ombros e mando tudo para as urtigas, chamo tudo menos mãe a quem me atenta ou me quer afrontar, mas alguém me ouve? Naaaaaaaaão!
Se resulta? Resulta pois. Sem desgastes que isto está mau para gastos quanto mais para desgastes.
Depois de respirar fundo disse: O meu lugar é o nove e é este sim.
- Então e nós onde nos sentamos?
- Minha senhora, isso não é um problema meu. Terá de falar com o motorista.
Nesta altura o marido ( creio que era o marido, pela idade de ambos, seria sim ) fala pela primeira vez.
- Então quer dizer que a senhora tem o mesmo lugar que nós? Como é que pode ser? Então venderam o mesmo lugar duas vezes?
- Pois, se calhar venderam, se o senhor não estiver enganado com o seu número.
Nesta altura confesso que até pus em dúvida a minha visão e fui verificar se o meu era de facto o nº 9. E era. E estava já a ficar impaciente com aqueles dois, sobretudo com ela que começou por dizer: Bem, é que entra muita gente nos autocarros e sentam-se no primeiro lugar que encontram. Bem, porque aquela senhora diz que tem o número nove, eu não sei, mas ela diz que tem, dirigindo-se a outra que reivindicava o seu lugar porque entretanto as criaturas sentaram-se do lado de lá do meu.
Ouvi, ouvi e tentei pensar noutra coisa, mas a mulher a picar-me os miolos não deixava. Pensei nas cinco horas de viagem que tinha pela frente e estava fora de questão aborrecer-me.
O motorista chegou perto de mim quando a criatura ( a mulher ) dizia de novo para trás para a outra, ah e tal e coiso, que há pessoas que entram e sentam-se e...
Entreguei o meu bilhete ao motorista e depois dele o verificar disse-lhe que dissesse aos senhores que se queixavam de eu ocupar o lugar deles, qual era o meu número. E este fê-lo. E logo ali ouvimos, todos os que tinhamos ouvido todo o resto, que - mas não estava a duvidar da senhora, isto está é mal feito, como é que vendem o mesmo lugar duas vezes, ó senhor motorista como é que isto foi arranjado?
- Não sei. Não sou eu que tiro os bilhetes, têm de reclamar na bilheteira, disse o pobre motorista.
E pronto. Acabou aqui a polémica. Há dias que vale mais não sair de casa. Se querem saber tinha ficado em Chaves até ao fim de semana pelo menos. Mas as saudades da Pitanguinha eram mais que muitas e a partir do meio da viagem, entre Viseu e Coimbra já deitava autocarro pelos olhos e só queria era ver-me a entrar no carro do mano Zé, que a primeira coisa que me disse quando entrei foi: A tua gata, Jesus, tombou o cesto da comida, com a pata tirou comida do saco, revolveu os tapetes... coitado do mano Zé ( com o devido respeito, que dizem que coitado é corno e a minha cunhada é gente séria, evidentemente ), repito, coitado do mano Zé que só leva com a parte má de todas as minhas histórias. Ele é ir pôr-me e buscar-me ao comboio. O mesmo, para o autocarro para norte ou vindo de norte. Tratar-me da Pitanga se fico mais do que o fim de semana fora e não a levo comigo, enfim, e mais, muito mais.
Um dia, isto muda. Não há bem que sempre dure nem mal que não acabe. E circular não dizem que é viver? Pois então, circular já eu faço por isso, continuando a circular lá chegarei ao dia em que vou recompensar o mano Zé de todos os sacrifícios que faz por mim.
Obrigada meu irmão, por tudo. Já fui e já voltei e nas duas viagens tu estiveste lá, para me despachares para norte e para me despachares para canto ( de casa ).
3 comentários:
Bem, que grande aventura ao partir de Chaves!! ihih... Isso é para não se esquecer de voltar.
A minha mãe já se fartou de rir com essa história dos bilhetes: mas a falta de organizaçao é tipico dessa empresa de transportes e a falta de civismo, infelizmente, também é tipica da maioria das pessoas...
Bjinhos Sofia e Leonor
Muitos beijos e um abraço forte, Lindas.
Obrigada por tudo. Vocês são Lindas.
olá. fez muito bem em ficar no seu lugar, na camioneta. é uma Mulher de pulso. ainda bem que a viagem correu bem. beijos
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