quinta-feira, 17 de novembro de 2011

obrigada meu irmão


A minha família é gente de bom paladar. E dedo para os cozinhados.
Os homens da minha família têm sido escolhidos por mim para o apaparico. Porém, as mulheres sempre cozinharam bem. A avó Clara e a dona Celeste eram cozinheiras de mão cheia e paladar apuradíssimo.
Habituados que estamos à cozinha de hoje; às pizzas, ao sushi, à comida chinesa entre outras, esquecemo-nos de um bom churrasco feito nas brasas do fogareiro lá de casa, na sopa de feijão cozido lentamente, nas iscas com aquele molho grossinho, no esparregado, no cabrito guisado com feijão verde, na canja de galinha caseira com ovinhos amarelos e hortelã, no pargo grelhado com feijão cozido e couve, no cozido à portuguesa, nas quitetas com chouriço, na feijoada com couve lombarda, no esparguete guisado com carne de vaca, na vitela estufada com puré de batata verdadeiro...
E sempre que os vivos da família se juntam, aqueles que ainda têm memória de uma família jovem, unida e feliz, é inevitável o olhar sobre o tempo da infância e adolescência. E sobre a comida do pai. E da mãe. E cresce-nos água na boca desses tempos e lágrimas de saudades. Aiuê, belos tempos!
E vai daí, que se não aligeiro isto, fico num berreiro, que ando chorona que eu sei lá, e vai daí, ontem, o mano Zé fez o favor de me surpreender com um dos pratos da nossa querida mãe. Um dos que referi. Em dia do seu aniversário. Sei que foi por causa da nossa conversa no aniversário da cria. Sei que foi porque os afectos são tão importantes que valem bem a pena serem manifestados, partilhados e nunca esquecidos.
O mano Zé não é só grande no tamanho. O mano Zé para além de Grande, Ganhou!
Por vezes dou comigo a pensar que tudo se acaba. E entristeço.
Ontem, enquanto estive à mesa, molhando pão no molho da carne estufada, igualzinha à da dona Celeste, senti que a minha família viverá para sempre...

2 comentários:

Anónimo disse...

Gostei de ver a serenidade do teu rosto.
Bonito texto.
bjs

maria disse...

UAAAAAAAAAAU! Estás Lindérrima.