terça-feira, 29 de novembro de 2011

é sempre a descer

- Bom dia!
- Bom dia. Vem afogueada - diz o sr. Margarido.
- Se me taparem a boca, rebento. Digo eu completamente exausta.
As catatuas da frente, que mais parecem os marretas, riem.
- Frio não tem, diz a Bélita.
- E mais é sempre a descer. Diz o sr. margarido.
E eu a ouvi-los tomarem-me conta da vidinha e tentando recuperar o fôlego.
Na verdade é sempre a descer, de casa ao autocarro. Mas como é que ele sabe?
Nesta terra quando se quer saber, sabe-se e quando não se quer, sabe-se também. Eu já nem ligo. Eu até nem gosto de segredos...
Mas, que sabem eles das minhas dificuldades matinais? Não sabem, mas pôem-se a advinhar a ver se pega. E eu encolho os ombros, apesar do reumático.
Sei que o sr. margarido faz tempo, à espera de me avistar lá ao fundo da garagem, onde eu abrando, a partir do momento em que me pôe a vista em cima. Por isso perdou-lhes o mal (?) que fazem pelo bem que me sabe, pois que há manhãs que um banco de autocarro representa o paraíso e só porque o sr. margarido espera uns minutinhos por mim.

1 comentário:

nuno medon disse...

olá. nas terras pequenas, tudo se sabe. Uma coisa é certa: manhãs sem o Sr. Margarido já não seriam as mesmas para si. Digo o que digo, porque sabe bem ir a um café ( pelo menos na minha zona, que vivo na aldeia, dentro da cidade- zona da estação de Valongo ) e dizerem-nos " olá Nuno " seja de um vizinho da minha idade, seja de uma idosa de 70 e tal anos.... sabe bem ver pessoas conhecidas na rua e de quem gostamos, seja de manhã, á tarde ou á noite..