terça-feira, 23 de agosto de 2011

dolce fare niente

foto tukayana.blogspot O que vos parece que é isto? Querem advinhar?
Não estamos no concurso do quem quer ser milionário. Não sou um dos autores das perguntas do concurso, apesar de falar muito com um deles. Nem tenho prémio nenhum em dinheiro para oferecer, mas posso deixar a receita.
Então vamos lá:
Semi-frio de natas e morangos?
Iogurte grego com morangos?
Panna Cotta com morangos?
Morangos, tem. Não acertam, pois não?
Eu sei. Estão habituados à minha gula, pecado de que me penitencio apenas quando estou de dieta. O que acontece mais vezes do que parece, embora seja uma coisa de estalar os dedos e já está. O facto é que parece que estou sempre a tocar castanholas, nos intervalos da gulodice, claro está. Não fosse eu arraçada de espanhola.
Ora bem, panna cotta, não é. Gosto de Itália, que não conheço, mas que gostava de conhecer, gostava...
Passeio-me pelos restaurantes italianos, vejo filmes e adoro ouvir os italianos falarem, capiche? E viva o velho!
Confesso que os acho atraentes, interessantes e porque não dizê-lo, irresistíveis. Um pouco pirosos, mas a gente não vai andar com eles de tira-colo, por isso...
Mas vamos ao que interessa. Descartada a primeira hipótese, tornou-se bem mais fácil. Cara ou coroa? É um calhas, né?
Se eu estivesse desse lado certamente que arriscaria na hipótese que me parecesse mais adequada ao " meu " momento. Tenho feito a apologia da decência à mesa ( na última semana ) e por isso...Bingooooooooó!
Pois, esta apetitosa taça, não tem uma sobremesa de natas e morangos. Mas sim um iogurte grego, caseiro. Sim, sim, caseiro, repito, e feito aqui pela menina. Adornado com morangos, só para vos confundir. Não foi nada, são mesmo para serem saboreados.
Tenho a dizer-vos que foi o meu pequeno almoço, à bocadito, acabada de acordar, em pleno gozo de férias, algures no país. Ahahahahah, mentira, algures aqui neste kimbo pertinho de Lisboa, a um passo do metro e do 36 e a um telefonema dos taxis de Odivelas que muito gostam de aqui vir buscar-me pois a corridinha é sempre boa, e conversam pelos cotovelos porque já me conhecem de muitas voltinhas e corridinhas a caminho de Sete Rios ou do Oriente, mas vai acabar-se-lhes a mama, que a crise bateu-me à porta. Já comecei por fazer iougurte em casa e vou continuar na poupança, quiçá até deixando de ir ao talho, e passando apenas com sopinhas, frutinhas e saladinhas; ninguém morre por isso, que eu ando há uma semana bem vegetariana e só me fez bem; até me disseram que estou mais bonita e eu que achava que estava velha, gorda e feia, insuflei de vaidade numa banga estilosa que só eu, e não me importa que seja apenas para me passarem a mão pelo pêlo, eu que tenho um espelho bem na entrada da porta que às vezes parece o demónio, outras um anjo que não é papudo, já vi que até o dito espelho me devolve um piropo de encorajamento.
Mas querem saber como se faz iougurte grego? É tão simples, tão fácil que até dá nervos não ter aprendido há mais tempo. Ensinaram-me há poucos dias e eu que já fui uma fada do lar ( foi há tanto tempo que às vezes acho que não foi verdade ) mas que me curei a tempo, embora de vez em quando tenha uma recaída, sempre em férias, claro está, pois gosto tanto da cozinha, mas gosto mesmo, que ter um fogão à minha disposição, assim, todinho para mim, me conquista e relaxa tanto, que vale a pena uma recaidinha de vez em quando. Às vezes penso que me reformei dessa actividade e tenho pena. Muita. Ainda vou fazer um curso de cozinha, só para brincar às cozinheiras, porque a sério mesmo, já fui. E muito tempo. E não fiquei com nenhuma reforma. Má volta...Não fiz os descontos, sabem como é? Amor à camisola...
A receita? Vou publicá-la, direitinho noutro post, tá? É que o iogurte grego é uma coisa séria. Que não admite brincadeiras nem sequer simples ironia. Eles lá na Grécia, entre amargos de boca, também devem ter passado fazê-los na pobre cubata grega pois que também estão de tanga como nós.
Perdão. Nós é muita gente. Eu. É que não quero ofender alguns, nem sequer os pôr em trajes menores, apesar de estarmos no verão.
Vou dizer-vos um segredo. Já fiz muito iogurte caseiro, no tempo das vacas magras. Depois melhorei de vida, apareceu muita oferta no mercado e a preços que não justificavam o trabalho e o gasto e deixei-me disso. Ainda tenho a iogurteira mas cheguei à conclusão que nem faz falta. A receita é totalmente artesanal e funciona na perfeição. Experimentem, nem que seja só por graça. E não pensem que isto é coisa de gente velha. Olhem que a receita foi-me dada por alguém bem mais novo que eu. E depois...está tudo a voltar ao antigamente. Ainda me hei-de ver a fazer rissóis, pastéis de massa tenra e croquetes. Ah, por falar em croquetes, também vou deixar uma receita muito antiga e que aqui neste lar doce lar muito apreciam. Já nem me lembrava que era uma especialidade minha e foi a mesma criatura da receita do iogurte que guardando a dos croquetes de soja que algures no tempo eu lhe passara para a mão, me lembrou os croquetes tão afamados.
Eu era muito prendada, não há dúvidas. Será que isso é bom?
Neste caso foi. Devolveram-me a receita dos croquetes que eu já esquecera, prova provada que valeu a pena. Mas acho que só neste particular...
Bem e agora já que estou de férias...também da cozinha, vou voltar à dolce vita. Ao fare niente...

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