segunda-feira, 21 de outubro de 2013

os homens

Não gosto da expressão pouco imaginativa e sem graça " Os homens são todos iguais ". Ou " Daaaaaah homens! " ou ainda " Homens, está tudo dito ".
Menos ok? Nem tanto ao mar...
Acho injusto, que é que querem?! Recapitulo a minha história e encontro nela,homens fantásticos. A saber, o avô Carvalho, sô Santos, tio Augusto, mano Zé, o meu filho, para não falar daqueles ( alguns ) de quem recebi algo parecido com amor.
Hoje não é o dia do homem. Parece. Mas não. Tão pouco vem aí chumbo.
Há dias que uma mulher tem rasgos de consciência e pensa. 
Ontem calhou-me. Dei comigo a pensar nesta espécie com alguma tolerância.
Perante factos. A que me rendi. Portanto ressalvo que não estou a ser puxa-saco nem tão pouco me deu agora para o elogio. 
Poucas vezes distingo homens de mulheres. Mesmo caindo no lugar comum arrisco dizer, porque é verdade, que para mim, há pessoas. E mais nada. 
Claro que, se estou com os bicos da placa do fogão faiscando, sem que os tivesse acendido, entro em pânico e não me ocorre sair a correr de casa direita ao supermercado para pedir ajuda à Marta. Páro em frente ao Mário e digo-lhe que estou com um problema que por acaso sei descrever muito bem, como mulher que sou e decepciono-me quando ele me diz que não percebe nada do assunto, mas o cunhado ( homem portanto ) pode resolver-mo, ignorando qualquer aptidão da Cristina, sua cunhada e eu até acho pensando bem, com cara de quem desaparafusaria o forno para desligar o fio do isqueiro do fogão, na boa ( agora que já vi estou pronta para o fazer ).
Claro que se sair à noite, prefiro um homem para me levar a casa. Os músculos servirão para alguma coisa se for molestada.
Claro que se penso no amor, na paixão, no colo, é em homem que penso.
No mais, são pessoas. Importa pouco se não vestem saias, não pintam os lábios de vermelho, as unhas dos pés, não dão importância a pormenores, deixam a tampa da sanita levantada, discutem no trânsito, ouvem relato de futebol no rádio do carro, ou têm vergonha de passar a ferro. 
Volto então a dizer que ontem a minha tolerância, para não dizer admiração, que isso seria dar-lhes muita confiança, aumentou de forma inequívoca. 
É que as mulheres, lá estou eu a cair no mesmo erro, mas não sei de que forma posso dizer isto a parecer que tudo é a mesma coisa, porque não é, as mulheres adoram comprar. Consumir, gastar, exibir. E vão às compras. Sem eles ou com eles.
Se o fazem sem eles são mulheres felizes. Isto se têm poder de compra e usam o seu próprio cartão de crédito. 
Se o fazem com eles, mulheres felizes são. Porque...aqui é que está, eles ficam à porta. Pagando, ou não. Esperando. 
Ridiculamente esperando. Quase sempre. Sentados nos sofás e bancos, nos corredores dos centros comerciais, empoleirados nos varandins. Lendo jornais. Desfolhando revistas. Dormindo de boca aberta, babando-se para o lado. Ou no limite, entusiasmados, olhando por cima dos óculos as boazudas que passam mexendo provocantemente as coxas. 
Não há dúvida. Os homens são uns santos. Uns anjos, alguns, papudos, mas não vou desvirtuar agora a espécie, porque eles merecem que me debruce sobre o assunto.
É que dar volta a uma loja leva no mínimo meia hora e estou a ser muito razoável. Escolher a mala, a calça, a mini-saia, a blusa ou o casaco, ou tudo isto duma assentada só, leva mais uma hora. Continuo benevolente. Experimentar as peças pode custar mais meia-hora, até me sinto ridícula a fazer estas contas de cabeça, entrar na fila e pagar, outra meia. Nisto passaram-se duas horas e meia se não estou em erro. E o desgraçado lá fora. Coçando a cabeça, metendo conversa com o segurança da porta, mandando mensagens à dita compradora, por vezes compulsiva, bufando, avermelhando-se, ameaçando entrar na loja e fazer um escândalo, fazendo figura de otário, ou ficando aliviado e feliz quando finalmente ela sai da loja. E nem sequer quer saber quanto gastou ou em quê. 
Não! Tenho de me render. Homem ganhou! Como se diz na banda. E rendo-lhe as minhas homenagens. Para além de que há homens e homens. 
Não são todos iguais nem andam todos as medir pilinhas. Por isso, quando falarmos de homens, devemos sempre pensar - Homens? Ponto e vírgula, devagar com o andor. Não são todos iguais. Há uns...mais iguais que outros. 

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