Guardo memórias antigas.
Tão antigas que me convenço que são do ventre da mãe.
Do colo do pai.
Queria reunir numa grande festa de comemoração de vida, quem me carregou nos braços, me beijou o rosto, me acompanhou na escola, me ensinou a ler, me contou estórias, me limpou as lágrimas, me disse adeus.
Gostava de parar o tempo. Manipulá-lo. Imortalizá-lo.
Enfeitá-lo de fé e esperança. E não sofrer às lembranças.
No meu percurso, não apaguei o que vivi, quem amei, no ontem e anteontem que ficou para trás.
Não ocupa espaço. É cósmico. É energia.
Vagueia entre o coração e a memória.
É a minha história.
E eu apaziguo-me do que já vivi. Recebo o presente e espero o futuro.
Hoje o dia é de ontens. Aninha-se nesse tempo remoto.
Partiste tão cedo para o passado, pai...
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