sábado, 21 de janeiro de 2012

à sexta-feira


A Rita deu-me a novidade. 
- D. Clara, você quer batatas doces para sexta? - A Rita diz sempre " você " o que me desagrada mas é o jeito dela de menina de aldeia.  
- Claro que sim Rita. Agora também há à 6ª ?
- Pois há. Somos nós que as assamos cá a partir de agora. E como as temos à venda cruas...
E eu pedi que me guardasse quatro. 
Já vinha do hipermercado que fica lá em cima na outra ponta da cidade. Quem sabe onde eu moro sabe que o esticão é grande demais, mesmo que descendo o viaduto, sobretudo numa sexta-feira, fim do dia, cansaço, peso de sacos, um em cada mão. Se hoje não fosse andar, passara a tarde tentando falar com a minha companheira preferida, de caminhada, conversa, risada, sem o conseguir, o tal esticão ficava por conta. Os dias estão maiores e lindos. O céu este inverno tem as cores mais bonitas de todos os invernos que já vivi. Não sei se porque ando mais sonhadora, mais romântica, mais..., se são os meus olhos apenas, se este  inverno é especial. 
Comprado o euromilhões da minha esperança de me mudar de armas e bagagens para perto de quem e onde eu sou, segui viagem rumo a casa. No caminho, as batatas. A Rita não falhara e lá estavam 4 batatas doces escondidinhas, para mim. Demais, para uma criatura sozinha, já que a  Pitanga não gosta, porque a Pitanga não gosta de comida de gente, contrariando a teoria feita lei de que os gatos são ladrões. Demais porque trato batata doce como se trata tremoços, jinguba, cáju, azeitonas, pipocas, bombons, enquanto não acabarem é sempre a aviar nelas. E como este fim de semana fico por cá, o avio não vai só para batata doce. Por falar em avio, eu não posso entrar na loja da Rita. Não me limito ao que está guardado. Desta vez me lembrei dum menino que está fora há uns tempos, tempos longos demais e que gosta de broas dos santos que afinal há o ano inteiro a parecer que todos os dias são dias santos, E queijo de Castelo Branco. E bolo de cabeça, o tal que dão nos casamentos aos convidados e que devem estar com menos saída porque casamentos, quê deles?!
E como as conversas são como as cerejas, a minha saudade desse menino é tanta que comprei também uns halls harmony para me compensar no serão.
Finalmente cheguei a casa. Finalmente equipei-me para a maratona diária. Noturna.  Sempre diferente. Cada noite uma novidade. Um novo atalho. Outra estrada. Outros encontros. Outras descobertas. 
Das quatro batatas já só ficou uma. Duas para mim, uma para a minha amiga, pois claro, e a última sobrando. Não por muito tempo.   
  

4 comentários:

Anónimo disse...

;) Se essa batatinha era pra mim não vi nada...:)

Come batata-doce sim porque faz menos mal que as outras, sabias?bjbjbj

Lena

Maria Clara disse...

Não. Foi para quem a apanhou ou seja a minha querida amiga Manuela, minha companheira das caminhadas.
Já sei sim. Me disseram hoje.**

Anónimo disse...

AAh então foi bem entregue a batatinha!;)

BJBJ
lENA

Manuela disse...

Uma destas batatinhas foi parar ao meu bico. Que coisinha saborosa.