Subindo o viaduto num adeus ó vai-te embora, santa terrinha que o ganha pão fica lá mais para os lados da serra, e, numa pressa de dar corda aos atacadores sobejamente conhecida e partilhada aqui, tanto faz seja o sr. margarido levando o autocarro mais lá para perto do rio alviela, ou indo eu procurar caminho mais para o cimo da cidade, como dizia, subindo eu o viaduto desse jeito de ser, mais do que defeito, olho de soslaio para baixo. Na direita, uma quinta remodelada. Pintada de fresco, numa aragem húmida vindo do rio, não faltam incentivos para um dia entrar, estar e querer voltar. Regalo para os olhos, sabor para o paladar, para quem escolhe casar, batizar, convidar para os eventos mais importantes (?) das suas vidas. Na esquerda, na minha canhota, uma quinta abandonada. Bem na curva do rio, aproveitada que foi em tempos a sua margem fértil, fugindo do bulício sem sair do centro, ainda uma nespereira gigante, a maior que já vi e um aqueduto. Gosto de aquedutos. Este transportava a água que abasteceria a quinta. O poço redondo, o maior que já vi.
Neste subir, a caminho de cada dia de trabalho, dia fresco que até doi a ponta do nariz e a ponta dos dedos, me lembro de um amigo que semana após semana me manda um escrito, em jeito de pensamento. O último dizia para fugir à monotonia e mudar. Mudar de passeio, de rua, de vestido, de cabelo, de pessoas. Olhar a natureza. Respirar fundo. Mudar...
Está certo. Mudar deve ser a palavra de ordem na minha vida. Chover no molhado desgasta, entristece, condiciona.
Páro a meio do viaduto. Olho para baixo. Quantos metros serão até ao chão? Não. Não me quero atirar. Ocorre-me outro mais longe daqui. Ou ponte, sei lá...
É muito alto. Como o outro. Mais que o outro. Aqui nunca ouvi a notícia que alguém desesperou e se atirou. No outro, soube que alguém até que não se importava de saltar. E soube que Deus lhe pegou ao colo e lhe fez voar para um canto do seu interior e lhe chamou de loucura que ia passar, porque a vida era gostosa demais para gestos tão pequeninos.
Senti um calafrio me percorrendo o corpo. Um gelo me queimando a pele.
A manhã está fria. Descendo enquanto eu subia, uma mulher. Para mim, a mulher do B.., que trabalha nas Finanças. Nunca lhe soube o nome. Mas nunca me esqueci de a cumprimentar. Ela, nunca se esqueceu de me sorrir. Lembro-me daquela menina grávida que no Rossio me abordou e arrancou uma nota da minha carteira só porque eu não soube ficar indiferente. Dê-me um sorriso, senhora. E eu sorri.
Cheguei finalmente ao cimo. Cansada. Menos do que há 2 semanas. Muito treino pela manhã. Muito treino pela calada da noite.
Bati com os olhos num dito do Epicuro. Empertiguei-me. Sempre me empertigo quando bato de frente nele. Empino o nariz, relaxo as costas e sorrio. Faça tudo como se alguém a contemplasse.
Este pensamento corre sempre à minha frente, como um alerta. E me manipula.
Quem me contempla? Contemplar é digno das almas superiores.
Mesmo no alto do viaduto quem não é superior não contempla. Passa os olhos sobre as coisas e os baixa indiferente.
Aos poucos, vou tratando por tu o viaduto que me aceita como sou. Sempre cheia de pressa.
Neste subir, a caminho de cada dia de trabalho, dia fresco que até doi a ponta do nariz e a ponta dos dedos, me lembro de um amigo que semana após semana me manda um escrito, em jeito de pensamento. O último dizia para fugir à monotonia e mudar. Mudar de passeio, de rua, de vestido, de cabelo, de pessoas. Olhar a natureza. Respirar fundo. Mudar...
Está certo. Mudar deve ser a palavra de ordem na minha vida. Chover no molhado desgasta, entristece, condiciona.
Páro a meio do viaduto. Olho para baixo. Quantos metros serão até ao chão? Não. Não me quero atirar. Ocorre-me outro mais longe daqui. Ou ponte, sei lá...
É muito alto. Como o outro. Mais que o outro. Aqui nunca ouvi a notícia que alguém desesperou e se atirou. No outro, soube que alguém até que não se importava de saltar. E soube que Deus lhe pegou ao colo e lhe fez voar para um canto do seu interior e lhe chamou de loucura que ia passar, porque a vida era gostosa demais para gestos tão pequeninos.
Senti um calafrio me percorrendo o corpo. Um gelo me queimando a pele.
A manhã está fria. Descendo enquanto eu subia, uma mulher. Para mim, a mulher do B.., que trabalha nas Finanças. Nunca lhe soube o nome. Mas nunca me esqueci de a cumprimentar. Ela, nunca se esqueceu de me sorrir. Lembro-me daquela menina grávida que no Rossio me abordou e arrancou uma nota da minha carteira só porque eu não soube ficar indiferente. Dê-me um sorriso, senhora. E eu sorri.
Cheguei finalmente ao cimo. Cansada. Menos do que há 2 semanas. Muito treino pela manhã. Muito treino pela calada da noite.
Bati com os olhos num dito do Epicuro. Empertiguei-me. Sempre me empertigo quando bato de frente nele. Empino o nariz, relaxo as costas e sorrio. Faça tudo como se alguém a contemplasse.
Este pensamento corre sempre à minha frente, como um alerta. E me manipula.
Quem me contempla? Contemplar é digno das almas superiores.
Mesmo no alto do viaduto quem não é superior não contempla. Passa os olhos sobre as coisas e os baixa indiferente.
Aos poucos, vou tratando por tu o viaduto que me aceita como sou. Sempre cheia de pressa.
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