quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

nunca viste?!

Nunca viste?
Diziamos nós. Dizia eu. Por tudo. Por nada. Por ser rebitesa. Porque em África os candengues são atrevidos. Crescem com a força da natureza. São uma força da natureza.
Nunca viste?
Disparando flechas, soltando faíscas, para o miúdo que ficava a olhar atrevidamente. Para o rapaz que olhava só porque os rapazes olham para as raparigas. Para a colega invejosa. Para a vizinha que espreitava as entradas e saídas. Para o velho babão.
Nunca viste?
Em surdina. Entre dentes. Mentalmente.
O passado tem uma força igual à da natureza e por muito polimento, decoro, sensatez que os anos nos tragam, porque a gente a crescer aprende alguma coisinha, há uma hora que tudo cai por terra. Quebra-se o verniz e a menina atrevida do outro lado do tempo responde à chamada no presente, galgando o passado numa belina impulsiva e louca.
Nunca viste?
Acompanhado de um olhar que quem lê olhares, diz que mata. Eu cá nunca os vi cair que nem tordos, para o lado.Mas diz que o olhar fulmina.
Quando se sobe um viaduto que parece que se está no Eixo Norte-Sul, num arfar de mulher à beira dum ataque de nervos, diz-se cobras e lagartos. Mata-se todos e quaisquer olhares e não se faz gestos com os dedos porque está frio e as mãos estão nos bolsos.
Há três dias que subo o viaduto por motivos que não são para aqui chamados e desço-o por motivos muito meus mas como não sou de segredos hei-de desbroncar-me. Há gente que sobe e desce. De automóvel...
E há terras muito provincianas ainda que à distância de uma hora da capital.
Fónix!
Nunca viste?

1 comentário:

maria disse...

Nunda viste?
Nunca me mostraste.
Nunca me pediste.
Mais burra ficaste.
Lembras-te? Era assim que as garinas respondiam sobretudo aos muadiês que se metiam com elas.