domingo, 1 de janeiro de 2012

bora lá...



No último dia do ano, já é costume as pessoas se virarem para os dias que passaram, 365 às vezes, fora o outro, e lhe olharem com um certo desdém. Na minha terra diz-se e faz-se pzxzxzxzxzxz ( muxoxo ). Uoooooooooó! Bazamazé!
Como sei disso? De falar com os outros, de um dia num ano qualquer, nuns quaisquer anos, sim porque eu sou igual a esses outros, lhe ter feito isso no pobre que está a cair de maduro e ainda leva um bico no traseiro, porque quanto mais na mó de baixo, pior é tratado, a gente sabe como é.
Como sei disso? Por ter feito, por ter presenciado, da vida, dos cinquenta, que me fazem kota no tempo e às vezes na alma e no corpo.
Deixei que o 2011 se fosse, no cansaço dos dias e da missão, que se não cumpriu também não se deixou odiar demais a ponto de fugir de rabinho entre as pernas, doucement, pela porta dos fundos que nem cobarde. Se foi, assim na penumbra da noite, seguindo as estrelas que brilhavam no céu num coro de mil e uma vozes mostrando que o povo sabe pelo menos contar até 12 de cima para baixo e da frente para trás. O número das badaladas, toma lá uma passa, doze, para te dar sorte, que este ano tem de ser uma mão cheia delas, todas duma vez por isso abre a bocarra e zás que é uma pressa de virar a página.
E à semelhança de todos os outros, vi assim o ano velho partir e este novo chegar, num ápice de estalar os dedos e beber champanhe, entre abraços e beijos, entre votos e lágrimas, as minhas, que choro sempre na meia-noite, numa tradição de atravessar o ano banhada nem que seja em lágrimas.
Manias! Despedidas! Odeio adeus...
Mas gosto de olhar p'ra trás naquela de goodbye que eu goodfico, já te foste mas não esquecer que não foste inteiro nem caí em saco roto pois se levas um pouco de mim, podes crer que deixaste um pouco de ti aqui na je, que não anda neste mundo, não atravessa os anos, a ver passar os comboios ( apenas ).
E deixou. Nove dias primeiros num presente de férias em Luanda. Que serviram de amortecedor para os restantes 356. De inspiração e de cor. De calor para o gelo que se apodera de mim todos os anos. De fonte para a minha nostalgia e abraço para a minha dor.
E deixou a alegria de reencontros. E o prazer de fazer amigos. E a presença de quem eu gosto. E o orgulho de lhes ver dançar, de lhes ler, de lhes ouvir e de lhes aprender e perceber.
E a disponibilidade para entender, aceitar e perdoar o que gira ao meu redor e sobretudo o que não me rodeia.
E pôr de sol a parecer o da nguimbi, e noites a relaxar. E família junto de mim.
O resto?
São restos que ficam na borda do prato.
Agora que os foguetes se ouviram, o champanhe desceu, a música acabou, o sono venceu, o ano pequenino acorda como todos os outros dias. Num tempo farrusco a esconder o sol que nos aqueceu nos últimos dias.
O resto? O resto são dias e dias que vão acontecer.
Se gosto de olhar na retaguarda, me ensinaram que à frente é que está o caminho. E eu preciso é de força nas kinamas para caminhar ao encontro de mais uma ano ( graças a N'ganazambi ).
O que pedi ao universo na imitação do que faço sempre que o ano começa e me isolo solitariamente enfrentando o firmamento?
Coragem.
Saúde e protecção para todos os que me rodeiam. Crias, família, amigos...
E a minha viagem a Angola.
Pedi pouco? Se calhar pedi. Mas só preciso disto para ser feliz.
Bora lá Ano Novo, te desejo felicidades para o cumprimento da tua missão e não ligues muito às bocas da reacção.

3 comentários:

nuno medon disse...

olá. Um bom ano para si e que a viagem a Angola se realize este ano. A saúde é o bem mais importante, sem dúvida mas eu sei que a viagem a Angola, vai aquecer o coração da Maria Clara. Espero sinceramente que isso se realize. Um abraço. beijos

constancia disse...

Olá amiga!
Feliz Ano Novo e que todos os teus desejos se realizem.
Beijinhos amiguita.

Maria Clara disse...

Um Bom Ano, Nuno e Constância.
Beijos