sexta-feira, 11 de novembro de 2011

quando eu voltar...

Quando eu voltar

Não quero salvas de palmas, tiros, foguetes...
Nem chapéus tirados em vénias,
Continências, bandeirinhas,
Tapetes vermelhos...

Quando eu voltar
Não quero a notícia espalhada nos sete ventos,
Ostentação, vaidades, frases de ocasião.
Caretas de boas-vindas, velas de promessas pagas,
Champanhe, festas de arromba....

Quando eu voltar
Quero o dia, num afago vagaroso
De colo de mãe
Quero rever na minha rua,
Décadas de estórias que lá vivi
E nas ondas baloiçantes do Mussulo
Embalar meus anseios de menina a crescer
Quero ouvir afilhados que não baptizei
Comê quiê madrinha?...
Os sobrinhos que não tenho, de irmãos inventados
Tiáaaaa, 'mbora leva manga...
Os filhos que não pari,
Dou mesmo p'ra esquebra, mãe...

Quando eu voltar
Quero inspirar o ar leve do amanhecer,
Sorrir no pregão da quitandeira
Aiuêee laranjê, é laranja minha senhoraaaaaa
E sentir o kandandu da minha gente
Quero a flor d' acácia lá do bairro, ver abrir
E nos meus silêncios florir
Quero o perfume de frangipani a me invadir
Na doce recordação,
Me embriagar de emoção
Quando eu voltar
Quero libertar-me do mundo
P'ra viver no presente
Do presente que recebo quando volto
Quero a certeza de que pertenço ao mundo
E o mundo me pertence dali até onde eu quiser
Quando eu voltar quero me ver nos olhos do povo
E ler amanhãs de paz e justiça
Quando eu voltar...vou finalmente ser feliz!


m.c.s. 11.11.11

2 comentários:

Anónimo disse...

foi só por isso k não publikei no jornal de Angola nem na TV k vinhas.....não kerias festa de arromba...

Maria Clara disse...

Isso mesmo kamba.
Soft, muito soft que eu já sou o próprio foguete estoirando de felicidade no regresso.