segunda-feira, 25 de março de 2013

viagem


Mãe é Mãe...e não há nada a saber. A dizer. A fazer. 
Quer dizer, mãe mesmo ignorante e silenciosa, faz tudo pelas suas crias. Tudo quer dizer tudo...
...deita-se às duas e meia e acorda às seis. Perdida de cansaço e sono. Pálpebras pesadas, securas, dor de cabeça. Preocupação e aperto no peito.
Olha a sua cria nos movimentos de preparação para mais uma saída, de lágrima no olho. 
Não quer chorar. Mas o lábio e o queixo já estão a tremer...e o coração, ai o coração, apertadinho. Mil tenazes sem dó. Magoando, magoando...
O estômago parece que cai na fraqueza mas não há fome. 
A saudade começa ainda na presença. 
Um telefonema para a praça de taxis diz que está na hora. 
Lá fora chove um chuvisco teimoso, cadenciado e frio. No lusco fusco da manhã se iniciando, o coração de mãe se acinzenta. 
Sacode a cabeça, olha o vôo dos pombos por cima do rinque em frente da casa. Olha os verdes sem fim da primavera que pinta de esperança o monte que a separa da cidade grande. E eleva os olhos aos céus.
- Meu Deus, protege o meu filho.
O abraço chega quando o taxi estaciona em frente da casa. O abraço parte...
Fica o calor, a voz, o aconchego. O amor. 
Fica a vontade de o ver feliz. A sua cria...sangue do seu sangue...
- Estás tão bonito, meu filho! recorda. 
Fica o sorriso complacente de filho que dá o desconto, ao amor de mãe cego e surdo.
Fica o cheiro, a pele, o beijo. O amor. 
- Meu Deus, protege o meu príncipe...

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