terça-feira, 5 de março de 2013

ser mãe


E...pronto, volto à forma primitiva. Ao lugar de sempre. De espera e saudade. De prece e esperança. 
De orgulho, respeito e amor à distância, onde me vejo sempre lambendo a cria que há-de chegar depois de partir.
Já não toco à campainha para ver a porta abrir-se.
Já não preparo a refeição com o coração nem recebo o beijo doce que nunca será de judas. 
Não passarei o serão no sofá onde nunca me sento nem acenderei velas por toda a casa. 
Já não serei mais mãe que qualquer outra personagem nem terei a minha alma completamente tranquila.
Não serei ouvida nem aprenderei um pouco mais. 
Já não receberei elogios, nem sorrisos francos. Nem lerei preocupação na transparência do olhar que me observam, olhos transparentes, nem me sentirei amada.
Já não respirarei a dois pulmões.
A minha casa já não será um lar...
Terei de voltar à forma primitiva. Tem de ser e o que tem que ser tem uma força que provoca duras penas, mas, ou vou em frente ou...vou em frente.
É nestes dias que me queria enrolar em posição fetal, recuperar a minha placenta na terra de todas as terras e mais que mãe voltar a ser filha e regressar ao ventre da minha mãe. 
Para voltar a nascer. Mais forte, mais corajosa, mais animadora e crente. Uma rocha. Com coração. Mas uma rocha inderrubável. Para aprender a ser Mãe.

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