" Adoro crianças "! é a frase que mais oiço por aí, hoje. E ouvi ontem e anteontem. Tenho a certeza de que até ao fim dos meus dias a ouvirei repetidamente.
Pois eu não. E cheguei a sentir-me má pessoa quando me interrogava porque não adorava eu crianças. Por vezes ainda tenho algumas recaídas e penso confusa, porque é que eu não digo que adoro crianças?
Não digo porque na verdade não adoro nada que seja gente.
Será o defeito, meu? Pois não sei nem quero saber. Sei que não tenho de adorar crianças para perceber o que representam as mesmas. Para saber que fui criança, os meus filhos, sobrinhos, irmãos, primos e os meus amigos, os tais da infância, também.
E isso é suficiente para se perceber que não tenho nada contra a infância, por conseguinte contra as criancinhas que eu e aqueles que amo, fomos. E porque sou eu que o penso e digo, também não tenho nada contra as criancinhas de todo o mundo.
Seres que estão no início da sua existência, inofensivos, dependentes, diamantes em bruto, que é preciso amar, (não é nada difícil ), cuidar, ensinar e respeitar.
Paro aqui, porque eu não adoro crianças, mas amo-as. Cada uma que se cruza no meu caminho. E cuido e ensino e respeito.
Às da rua, aquelas que vão ao colo dos pais, pela mão duma avó, ou de mão dada com os coleguinhas da escola, em fila, de bata do colégio e guiadas pela educadora, acho-lhes piada, são uma ternurinha, cada uma mais linda que a outra. Apetece dar um colo, fazer uma festa ou contar uma história.
E às outras, aquelas que fazem birras, esperneiam, batem nos adultos, fazem finca-pé, sei bem o que lhes fazia.
E há as outras. Aquelas que são abusadas. Pelos familiares, por estranhos, pelos governos, por tudo e todos.
E ainda as outras. As que existem, sabemos todos que existem mas nem a estatística acerta o passo ao compasso. As esquecidas por mim, pelo mundo e também por aqueles que dizem de boca cheia que adoram crianças. As que morrem de fome. Que não chegam a ser adultos, como eu.
Por todas essas tenho uma grande compaixão. Mas sei que não sou eu que posso fazer alguma coisa por elas. Tentar, é um caminho. Embora solitário. E denunciar outro.
Existem leis para protegerem os direitos dos cidadãos. Existem instituições. E existem os voluntários. E gente que adora os seres em crescimento.
E não vale a pena tapar o sol com a peneira. Apesar de tudo isso, morrem crianças exploradas, espancadas, violentadas, à fome .
Todo e qualquer ser que seja desrespeitado e vitimizado me provoca sentimentos profundamente primários. Por isso, à minha frente ninguém maltrata uma criança que eu não permito. Nem fica com fome.
Por isso digo presente às solicitações de organizações de apoio. Por isso vou fazendo o que posso.
Se faço tudo o que devia? Não. Disso tenho consciência. E isso belisca muito mais o meu egoísmo que saber que não " adoro " crianças.
É que elas para mim não são um objecto de decoração. O um boneco de corda. Nem a minha animação. Ou compensação. Ou o preenchimento de vazio. Ou pretexto para felicidade. Apesar de serem lindas, bem dispostas e puras. Elas são a vida em crescimento, que eu não tenho de adorar, como adoro malas, sapatos, perfumes, rosas ou chocolate. Mas que eu devo respeitar.
E porque o mundo não respeita as crianças é que hoje, dia 1 de Junho é o dia internacional da criança. Para que cada um de nós medite. Para que os direitos da criança sejam mais uma vez gritados. Exigidos. Para que se chegue aos governos dos países que claramente tratam as crianças como coisas. Para que se faça um intervalo. Hipócrita. Mas um intervalo.
Todos os dias deviam ser dia da criança. Ou vou mais longe, não devia haver dia da criança. É que eu não adoro crianças mas sei que as crianças são o melhor que o mundo tem, pois se não existirem ele extingue-se e nem que fosse só por isso deviam ser tratadas com todo o amor, carinho e cuidado que as coisas preciosas o são. Mas por todos e não só pelas suas famílias.
Ser criança é uma passagem na vida de um ser, um trampolim, uma ponte. Uma árvore em crescimento. Ajudem-na. Criem-lhe condições. Reguem-na. E protejam-na. E já agora, deixem-se de merdas, porque adorar só não chega. Ou melhor, não é nada. É preciso muito mais. Tudo. Como sei? Fui mãe há 31 e 28 anos respectivamente e sei o longo e doloroso caminho que percorremos, eu e eles para que o resultado desse no que deu. Seres adultos, de qualidade quanto baste.
Não digo porque na verdade não adoro nada que seja gente.
Será o defeito, meu? Pois não sei nem quero saber. Sei que não tenho de adorar crianças para perceber o que representam as mesmas. Para saber que fui criança, os meus filhos, sobrinhos, irmãos, primos e os meus amigos, os tais da infância, também.
E isso é suficiente para se perceber que não tenho nada contra a infância, por conseguinte contra as criancinhas que eu e aqueles que amo, fomos. E porque sou eu que o penso e digo, também não tenho nada contra as criancinhas de todo o mundo.
Seres que estão no início da sua existência, inofensivos, dependentes, diamantes em bruto, que é preciso amar, (não é nada difícil ), cuidar, ensinar e respeitar.
Paro aqui, porque eu não adoro crianças, mas amo-as. Cada uma que se cruza no meu caminho. E cuido e ensino e respeito.
Às da rua, aquelas que vão ao colo dos pais, pela mão duma avó, ou de mão dada com os coleguinhas da escola, em fila, de bata do colégio e guiadas pela educadora, acho-lhes piada, são uma ternurinha, cada uma mais linda que a outra. Apetece dar um colo, fazer uma festa ou contar uma história.
E às outras, aquelas que fazem birras, esperneiam, batem nos adultos, fazem finca-pé, sei bem o que lhes fazia.
E há as outras. Aquelas que são abusadas. Pelos familiares, por estranhos, pelos governos, por tudo e todos.
E ainda as outras. As que existem, sabemos todos que existem mas nem a estatística acerta o passo ao compasso. As esquecidas por mim, pelo mundo e também por aqueles que dizem de boca cheia que adoram crianças. As que morrem de fome. Que não chegam a ser adultos, como eu.
Por todas essas tenho uma grande compaixão. Mas sei que não sou eu que posso fazer alguma coisa por elas. Tentar, é um caminho. Embora solitário. E denunciar outro.
Existem leis para protegerem os direitos dos cidadãos. Existem instituições. E existem os voluntários. E gente que adora os seres em crescimento.
E não vale a pena tapar o sol com a peneira. Apesar de tudo isso, morrem crianças exploradas, espancadas, violentadas, à fome .
Todo e qualquer ser que seja desrespeitado e vitimizado me provoca sentimentos profundamente primários. Por isso, à minha frente ninguém maltrata uma criança que eu não permito. Nem fica com fome.
Por isso digo presente às solicitações de organizações de apoio. Por isso vou fazendo o que posso.
Se faço tudo o que devia? Não. Disso tenho consciência. E isso belisca muito mais o meu egoísmo que saber que não " adoro " crianças.
É que elas para mim não são um objecto de decoração. O um boneco de corda. Nem a minha animação. Ou compensação. Ou o preenchimento de vazio. Ou pretexto para felicidade. Apesar de serem lindas, bem dispostas e puras. Elas são a vida em crescimento, que eu não tenho de adorar, como adoro malas, sapatos, perfumes, rosas ou chocolate. Mas que eu devo respeitar.
E porque o mundo não respeita as crianças é que hoje, dia 1 de Junho é o dia internacional da criança. Para que cada um de nós medite. Para que os direitos da criança sejam mais uma vez gritados. Exigidos. Para que se chegue aos governos dos países que claramente tratam as crianças como coisas. Para que se faça um intervalo. Hipócrita. Mas um intervalo.
Todos os dias deviam ser dia da criança. Ou vou mais longe, não devia haver dia da criança. É que eu não adoro crianças mas sei que as crianças são o melhor que o mundo tem, pois se não existirem ele extingue-se e nem que fosse só por isso deviam ser tratadas com todo o amor, carinho e cuidado que as coisas preciosas o são. Mas por todos e não só pelas suas famílias.
Ser criança é uma passagem na vida de um ser, um trampolim, uma ponte. Uma árvore em crescimento. Ajudem-na. Criem-lhe condições. Reguem-na. E protejam-na. E já agora, deixem-se de merdas, porque adorar só não chega. Ou melhor, não é nada. É preciso muito mais. Tudo. Como sei? Fui mãe há 31 e 28 anos respectivamente e sei o longo e doloroso caminho que percorremos, eu e eles para que o resultado desse no que deu. Seres adultos, de qualidade quanto baste.
Sem comentários:
Enviar um comentário