O que é, não ser português?
É ser o que sou. Não tenho a pátria. Nem a bandeira. Nem a terra.
Não tenho a pertença.
Não tenho plurais. Não conjugo verbos na primeira pessoa do plural.
Nós, não existe na minha linguagem de cidadã com bilhete de identidade português.
As Nossas praias. A Nossa selecção. O Nosso país. O Nosso hino. Os Nossos rios. O Nosso povo. As Nossas tradições. A Nossa tropa. Os Nossos artistas. O Nosso clima. A Nossa música. Os Nossos poetas. Os Nossos políticos. A Nossa crise.
O orgulho português que atinge os portugueses, esse não o tenho. Simplesmente o digo. Sem qualquer intenção ou arrogância.
Não o tenho e ponto.
Nascer no continente africano mudou o meu destino. Bem sei que aquele pedaço de terra catorze vezes e meia maior que Portugal, o seu país colonizador, era isso mesmo, um pedaço de terra, colonizada, que alguns, muitos, teimavam em dizer que era Portugal.
Sensitiva que sou, desde muito nova, tudo me dizia, até o medo estampado em cada português nessa terra, que aquilo não era portugal. E apesar de pais portugueses, cedo percebi a que país pertencia. A que país queria pertencer. A que pedaço de terra eu iria sempre chamar minha. Minha pátria. Minha bandeira. Minha terra. Minha gente. Minha pertença.
Junto de qualquer ser na minha condição, naturalmente, inconscientemente, alegremente, o meu bilhete de identidade , o outro, aquele de que me orgulho com toda a posse de ser, toma forma dentro da minha memória e a conjugação dos verbos na primeira pessoa do plural acontece naturalmente, sem que tenha de pensar ou escolher palavras. Sentir-me culpada ou usurpadora.
Como diria o poeta, Ser ou não ser, eis a questão. Que há muito não existe. Mas existiu quando não percebia aonde pertencia legalmente. Nasci portuguesa. Porque Angola era Portugal. A minha terra tornou-se independente. Passei a ser angolana. Mas não deixei de ser portuguesa, porque a isso tive direito. Legal. Porém o fado não é coisa minha. Nem o folclore. Nem o norte ou o sul. Nem os sotaques. Nem os costumes e hábitos. Nem a mentalidade. Nem a personalidade. Nem as dores.
Nós os angolanos, muitos, somos também portugueses. Alguns, muitos, a viverem em Portugal, outros tantos a viverem em Angola e noutros pontos do mundo.
Nós, os angolanos, somos filhos de pais angolanos, portugueses, cabo-verdianos, guineenses, são tomenses, brasileiros, moçambicanos, sul africanos e de tantas outras origens. Que vivem ou não na terra dos seus progenitores.
Nós os angolanos, podemos ter a influência do povo português, porém temos algo próprio, a alma secular e mágica de África.
Transmitida e absorvida até por aqueles que não nasceram lá.
Não ser português é ser o que sou. Com a dualidade. A génese foi um pormenor. Físico. A alma, essa é angolana.
E hoje, é Dia de Portugal.
Com todo o respeito digo que a escolha foi acertada. Por o ser no dia em que o poeta morreu. Luís de Camões. Um poeta português. Um poeta do mundo.
E digo também que gosto de Portugal. Geograficamente. E também porque os meus pais o eram e os meus filhos, o são. Portugueses. E ainda porque foi o país que me acolheu e de certa forma me protegeu. E por fim porque aqui vivo. Aqui também é a minha casa. E porque sou grata.
Parabéns Portugal!
É ser o que sou. Não tenho a pátria. Nem a bandeira. Nem a terra.
Não tenho a pertença.
Não tenho plurais. Não conjugo verbos na primeira pessoa do plural.
Nós, não existe na minha linguagem de cidadã com bilhete de identidade português.
As Nossas praias. A Nossa selecção. O Nosso país. O Nosso hino. Os Nossos rios. O Nosso povo. As Nossas tradições. A Nossa tropa. Os Nossos artistas. O Nosso clima. A Nossa música. Os Nossos poetas. Os Nossos políticos. A Nossa crise.
O orgulho português que atinge os portugueses, esse não o tenho. Simplesmente o digo. Sem qualquer intenção ou arrogância.
Não o tenho e ponto.
Nascer no continente africano mudou o meu destino. Bem sei que aquele pedaço de terra catorze vezes e meia maior que Portugal, o seu país colonizador, era isso mesmo, um pedaço de terra, colonizada, que alguns, muitos, teimavam em dizer que era Portugal.
Sensitiva que sou, desde muito nova, tudo me dizia, até o medo estampado em cada português nessa terra, que aquilo não era portugal. E apesar de pais portugueses, cedo percebi a que país pertencia. A que país queria pertencer. A que pedaço de terra eu iria sempre chamar minha. Minha pátria. Minha bandeira. Minha terra. Minha gente. Minha pertença.
Junto de qualquer ser na minha condição, naturalmente, inconscientemente, alegremente, o meu bilhete de identidade , o outro, aquele de que me orgulho com toda a posse de ser, toma forma dentro da minha memória e a conjugação dos verbos na primeira pessoa do plural acontece naturalmente, sem que tenha de pensar ou escolher palavras. Sentir-me culpada ou usurpadora.
Como diria o poeta, Ser ou não ser, eis a questão. Que há muito não existe. Mas existiu quando não percebia aonde pertencia legalmente. Nasci portuguesa. Porque Angola era Portugal. A minha terra tornou-se independente. Passei a ser angolana. Mas não deixei de ser portuguesa, porque a isso tive direito. Legal. Porém o fado não é coisa minha. Nem o folclore. Nem o norte ou o sul. Nem os sotaques. Nem os costumes e hábitos. Nem a mentalidade. Nem a personalidade. Nem as dores.
Nós os angolanos, muitos, somos também portugueses. Alguns, muitos, a viverem em Portugal, outros tantos a viverem em Angola e noutros pontos do mundo.
Nós, os angolanos, somos filhos de pais angolanos, portugueses, cabo-verdianos, guineenses, são tomenses, brasileiros, moçambicanos, sul africanos e de tantas outras origens. Que vivem ou não na terra dos seus progenitores.
Nós os angolanos, podemos ter a influência do povo português, porém temos algo próprio, a alma secular e mágica de África.
Transmitida e absorvida até por aqueles que não nasceram lá.
Não ser português é ser o que sou. Com a dualidade. A génese foi um pormenor. Físico. A alma, essa é angolana.
E hoje, é Dia de Portugal.
Com todo o respeito digo que a escolha foi acertada. Por o ser no dia em que o poeta morreu. Luís de Camões. Um poeta português. Um poeta do mundo.
E digo também que gosto de Portugal. Geograficamente. E também porque os meus pais o eram e os meus filhos, o são. Portugueses. E ainda porque foi o país que me acolheu e de certa forma me protegeu. E por fim porque aqui vivo. Aqui também é a minha casa. E porque sou grata.
Parabéns Portugal!
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