quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Hoje


Acordo com o sol entrando no meu quarto. 
E uma gata lambendo-me a cara. 
Acordo descansada e bem disposta. Desperta... 
Acordo neste lugar. Outono frio, mas solarengo. 
Neste primeiro Outono passado aqui pertinho da cidade grande, prazer e desejo meu de tantos anos, acabado finalmente por os cumprir. 
Acordo sem cordões umbilicais ligando-me a outras terras. Mais mãe que outros dias do ano.
Lembrando o que me une e prende às minhas crias. 
À minha cria caçula...hoje.
Há um elo imaginável na minha memória de mãe, que nunca o quererei cortado.
A cada ano neste dia, há uma avalanche de sentimentos e emoções.
Há um filme passando na minha memória afectiva. Materializando-se. 
Um bebé nascendo, fruto do amor e do desejo de ser mãe de novo. 
Crescendo aos meus olhos e na vida. E chegando aqui. Ao dia de hoje. Ao que é hoje.
Há um abraço que envolve hoje vinte e oito anos e me faz sorrir de alegria e de paz.
Acordo hoje grávida uma vez mais. De Amor. Porque é o que eu sei fazer melhor.
Amar as minhas crias como se fosse o próprio amor. Perfeitamente imperfeito.
Amar a minha cria caçula desde que senti a cócega no meu ventre, materializado assim o sentimento, desde a primeira falta no ciclo que me fazia mulher fértil.
Amar...porque não há melhor amor do que o amor que dedico a quem pari.
Acordei hoje feliz porque há vinte e oito anos o meu filho nasceu, numa cidade do Ribatejo, acordando para a vida e fui eu que lhe abri as portas desse acordar.
Viva ele! Hoje. E por longos e felizes anos. Com realizações, sucessos, saúde e igual a ele próprio, sempre.