De repente eram 23 horas em Portugal continental, em Angola meia-noite.
Desconsegui ouvir os foguetes, morteiros, sei lá eu, os festejos, pela data que hoje a minha terra comemora, mas adivinhei-os. E a lágrima, esta bendita lágrima sempre a perseguir-me, soltou-se, rolou e veio rosto abaixo, ganhando a velocidade dos pensamentos.
Os pensamentos são como os sonhos e a gente voa, de sonho em sonho.
E tão de repente como o tempo que chega e nos traz comemorações duma data histórica, lembrei Agostinho Neto. Cuja ideologia eu defendia.
E lembrei aquela época. E assim cheguei à música que tocou tanto nas rádios de Angola e Portugal. Hasta siempre comandante.
E subitamente fui acometida por uma vontade imensa de a ouvir e cantá-la nesta exaltação de ser filha d' um país que tem trinta e oito anos. Acabadinhos de fazer.
De repente lembrei-me de duas pessoas que não conhecem a minha Angola senão do que lhes transmiti desde sempre. Nasceram depois. Num ambiente de paz neste país que foi colonizador, da Europa.
E lembrei-me duma frase que se usa muito no Ribatejo. " Uma fava não pode dar uma ervilha ". A fava sou eu. Aqui a lembrar de Agostinho Neto. Da música proibida à época. Dos poemas. Das esperanças. Da liberdade dos povos. Da justiça. De igualdade.
Não, as minhas crias jamais poderiam ser umas ervilhas.
De repente, tudo faz sentido e saúdo Angola neste dia tão importante para todos os angolanos. Para mim. Para gente como as minhas crias que defendem a liberdade, a igualdade, a independência dos povos.
De repente, é dia de celebração da Independência da minha pátria. E eu a lembrar-me de Hasta siempre Comandante.
Sem comentários:
Enviar um comentário