terça-feira, 5 de novembro de 2013

acordei na saudade

Tenho saudades...
Tenho saudade de mim, de ti, de nós. Do tempo da nossa união. Na terra onde me escolheste e pariste. Onde vivemos felizes.
Do último mimo da noite e da primeira preocupação da manhã.
Do teu chamamento.
Da tua voz. Das variantes dessa voz que sorria, se emocionava e algumas, poucas vezes, se zangava. E me acariciava e acalmava. 
Do aroma a ovos estrelados em azeite e café de cafeteira. 
Da roupa cheirando a Omo, estendida na corda. 
Da panela do feijão cozendo no fogareiro a carvão. 
E da massa com carne, guisando no fogão. 
Das saudades que sentias da tua terra-mãe.
Tenho saudade do teu cabelo preto e liso que eu penteava. 
Dos teus sapatos de salto e das carteiras que eu experimentava e tu deixavas. 
Das rosas brancas que regavas. E das cristas de galo também.
Do toque das tuas mãos. Das tuas mãos de rainha-mãe.
Da máquina de costura oliva, que pedalavas ao fim da tarde. 
Tenho saudades do teu olhar cor de mel, poisado em mim.
E do meu nome nos teus lábios.
Da tua protecção. Do teu desvelo. Da tua presença.
Do teu amor. Por nós. Por mim. Nunca mais ninguém me amou tanto quanto tu.
Tenho saudades da minha placenta.
Tenho tanta saudade de ti, de nós, eu em ti e tu em mim, minha mãe!


2 comentários:

Agostinho disse...

Um sussuro deste jeito
é fruto de muito amor
quando se nasce direito
é para sempre onde for.

Maria Clara disse...

Obrigada poeta. :)